Líder do PT diz que governo é lento para entregar cargos, liberar emendas e receber parlamentares
Sem citar nomes, Zeca Dirceu também apontou falhas de ministros, mas disse que MP dos ministérios deve ser aprovada
O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse nesta quarta-feira (31) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado uma lentidão para cumprir acordos feitos com o Congresso.
Representante do partido do presidente na Casa, o deputado elencou uma série de deficiências da articulação política do governo com o Legislativo.
As declarações foram feitas em um contexto de fragilidades enfrentadas pela base governista, que tem dificuldades para aprovar a medida provisória que definiu a configuração ministerial do governo.
Zeca Dirceu lembrou que Lula fechou um acordo com a cúpula do Congresso durante a aprovação da proposta de emenda à Constituição que garantiu a verba para o novo Bolsa Família, em dezembro do ano passado, e prometeu dar o controle de parte do orçamento de ministérios para os parlamentares. De acordo com o petista, a promessa está demorando para ser cumprida.
– O governo está com decisões acertadas só que não dá velocidade, amplitude e previsibilidade. O governo decidiu fazer um governo amplo, decidiu negociar com o Congresso, sem impor nada, decidiu dar oportunidade para os deputados influenciarem na execução orçamentária, isso é decisão de dezembro, do próprio Lula – afirmou o petista, que continuou:
– As pessoas têm que saber: 'Essa semana vai acontecer isso. Isso não vai acontecer hoje, mas vai acontecer daqui a 30 dias'. E quando chega 30 dias tem que acontecer. Isso não está sendo uma constante.
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A avaliação é similar à do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e de líderes aliados, como o deputado Elmar Nascimento (União-BA). Ao chegar na Câmara nesta quarta, Lira afirmou que vem "há muito tempo, alertando o governo sobre essa falta de pragmatismo, consideração e atendimento".
Segundo o líder do PT, falta o governo dar celeridade em uma série de demandas de parlamentares, não apenas na questão do orçamento:
– Tudo, desde uma agenda de um ministro que vai para um estado, desde a nomeação de alguém do terceiro escalão, passando pela liberação de uma emenda e chegando até um projeto de lei que às vezes aparece sem ninguém estar sabendo bem, ou um anúncio de um ministro que faz de uma solução do governo que nem o Lula sabe.
O deputado ainda disse que o ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, precisa ser "fortalecido" e que, no cenário atual, não consegue cumprir os acordos com os parlamentares porque não é atendido por outros ministros.
– Ele é preparado, experiente. Não é problema do Padilha, poderia ser João ou Pedro, mas se o governo dá mais força, seja quem fosse o ministro, a articulação política funciona melhor – avaliou.
– Até hoje, os deputados que não tinham mandato (no ano passado) não conseguiram cadastrar suas propostas em seus municípios, universidades e hospitais. Isso é problema do ministério da ponta, que tem dotação orçamentária, que é fruto do acordo da transição do Bolsa Família. (O orçamento) Não é do ministro, foi feito um acordo e você não abre nem para cadastrar proposta, como vai empenhar e pagar? – declarou.
Apesar disso, Zeca Dirceu avaliou que o governo conseguirá aprovar a MP dos ministérios e disse a base governista tenta convencer PP, União Brasil e Republicanos a não trabalharem contra a iniciativa.
– Eu acho que vai aprovar. Pode aprovar com inclusive com placar grande se as conversas forem bem sucedidas desses três partidos que tem mais dificuldade.