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Lira: sem mudanças, projeto sobre motoristas de aplicativo dificilmente será aprovado na Câmara

Proposta enviada pelo governo que regulamenta profissão gerou protestos da categoria e enfrenta resistência no Congresso

Proposta do governo para motoristas de aplicativo precisa de ajustes para ser aprovado na Câmara, diz LiraProposta do governo para motoristas de aplicativo precisa de ajustes para ser aprovado na Câmara, diz Lira - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que o projeto de lei complementar que vai regulamentar os serviços prestados por motoristas de aplicativos encontrará dificuldades para ser aprovado na Casa. O projeto enfrenta resistência no Congresso e entre a categoria.

A proposta apresentada pelo governo no mês passado teve seu regime de urgência retirado por receio do governo em não conseguir os votos suficientes. O presidente da Câmara diz que, se o texto não for alterado, não deve ser aprovado no Plenário.

— É uma realidade de serviços que está posta e tem o seu funcionamento adequado hoje. Se precisar ajustar alguma ponta ou outra, é uma coisa. Mas se for para retornar algumas situações de antes, principalmente com relação à organização sindical dessas empresas, eu acho que vai ser difícil aprovar no Plenário da Câmara, pelo o que eu vi até agora, a não ser que o texto seja bastante modificado nas Comissões — afirmou ao participar de evento da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) nesta quarta-feira.

O projeto prevê contribuição ao INSS, auxílio-maternidade, a representação por sindicato e pagamento mínimo por hora rodada no valor de R$ 32,10 — um dos pontos rejeitados pela categoria, que não quer remuneração por hora, mas cobrança por quilômetro rodado.

Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defendeu a proposta ao comparecer em uma Comissão da Câmara, e disse que o projeto teve repercussão negativa por causa de uma “incapacidade” do governo de comunicar o conteúdo do projeto.

Lira diz que já conversou com Marinho sobre o assunto, e que deixou claro que o projeto não deverá alterar pontos estabelecidos pela Reforma Trabalhista aprovada em 2017.

— Já conversei com o ministro Marinho que se o Plenário da Câmara sentir o cheiro que ele está querendo alterar a reforma trabalhista ou retornar algumas ações que o Congresso já não vota, através de resoluções, regulamentações e decretos, o projetos irão a Plenário e nós vamos derrubar — disse Lira.

A regulamentação dos motoristas é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vem se tornando uma dor de cabeça para o governo. O presidente enxergava na regulamentação uma chance de conquistar um público visto majoritariamente como bolsonarista. No entanto, a proposta teve efeito reverso e gerou uma onda de protestos da categoria.

O ministro Luiz Marinho defendeu a proposta de remuneração básica na última semana e alegou que o piso terá reajuste anual.

— Está garantido o reajuste anual dessa hora mínima, que é garantido com base na política do salário mínimo.

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