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SAÚDE

Lula adia viagem após lesão na cabeça: por que não se deve andar de avião após esse acidente?

Presidente teve um ferimento na parte de trás da cabeça após cair no banheiro

Presidente Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Carl de Souza/ AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou a viagem que faria à Rússia por orientação médica após cair no banheiro do Palácio da Alvorada e ferir a parte de trás da cabeça no último sábado. O chefe do Executivo foi atendido no Hospital Sírio Libanês de Brasília e precisou levar pontos na região.

A queda causou um corte na parte de trás da cabeça, e os exames mostraram um ponto mínimo de hematoma, acúmulo de sangue fora dos vasos sanguíneos resultado de um sangramento. O presidente será reavaliado nesta terça-feira, porém está bem e foi liberado para retomar o trabalho.

Mas por que não é recomendado que Lula, ou outros pacientes que sofreram uma lesão na cabeça, realizem uma viagem de avião? O neurocirurgião de Brasília Bruno Parente, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), explica que o principal motivo é o risco de a movimentação provocar novas lesões.

— Os traumas cranianos que tem contusão, que são pequenos sangramentos intracranianos, demandam repouso, ao menos relativo. Porque o risco de eles aumentarem nas próximas horas ou dias existe, e eventuais novos traumas nos primeiros dias ou semanas podem ter consequências maiores — diz o especialista, que continua:

— Então situações de estresse, voos muito longos, ou mesmo viagens por terra muito demoradas, que possam ter trepidações, turbulências e movimentações muito abruptas da cabeça, precisam ser evitadas.

Além disso, o membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e neurologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Adalberto Studart Neto, lembra que, entre os mais velhos, um sangramento pode ter ocorrido e nem mesmo ter sido detectado imediatamente após a lesão:

— As primeiras 48 horas são cruciais, mas nas pessoas mais idosas um sangramento pode aparecer horas ou mesmo dias após uma queda. Porque o sangue pode ir se acumulando aos poucos e apenas depois a pessoa ter sintomas. Por isso, a principal orientação é que a pessoa que bateu a cabeça, especialmente a idosa, seja observada se vai desenvolver queixas como problemas para falar, perda de força, depois da queda.

Ele acrescenta ainda que um problema em relação às longas viagens de avião é a mudança da pressão na cabine: — Alterações de pressurização no avião podem mexer de certa forma nas pressões intracranianas. Um exemplo claro dessa mudança na pressão é quando viajamos e sentimos um incômodo no ouvido.

Parente explica que, geralmente, 24 horas após uma lesão como a de Lula é realizada uma nova tomografia para verificar a estabilidade do sangramento. Dentro de uma semana, o exame é repetido e, novamente, de duas a três semanas depois. Se, após todas essas reavaliações, o quadro ainda estiver estável, o paciente fica liberado para as situações de maior estresse físico ou emocional.

Até lá, “qualquer situação que possa afetar a pressão arterial deve ser evitada”, reforça o especialista: — É importante esse período de repouso relativo. O paciente pode voltar ao trabalho já nos primeiros dias, mas de forma mais leve e completamente apenas dentro de algumas semanas. Esses traumatismos cranioencefálicos moderados ou leves costumam ter evolução muito boa e não deixar sequelas, desde que se respeite todas as orientações do neurocirurgião.

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