Política

Lula adverte à UE que valores ambientais não podem justificar protecionismo

A questão da ação contra o desmatamento na região amazônica se tornou o centro de um duro debate que, na prática, pôs um freio nas negociações por um acordo comercial entre a UE e o Mercosul

Foto: EMMANUEL DUNAND/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu, nesta segunda-feira (17), que as preocupações ambientais não podem ser utilizadas para justificar o protecionismo comercial, ao falar na abertura da cúpula entre a União Europeia (UE) e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Bruxelas.

"A defesa de valores ambientais, que todos compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação", disse Lula na capital belga.

Para o mandatário brasileiro, "proteger a Amazônia é uma obrigação. Vamos eliminar seu desmatamento até 2030. Mas a floresta tropical não pode ser vista apenas como um santuário ecológico".

Em seu discurso, Lula apontou que o desenvolvimento sustentável "possui três dimensões inseparáveis: a econômica, a social e a ambiental. O mundo precisa se preocupar com o direito de viver bem dos habitantes da Amazônia".

Durante a manhã, Lula pediu que a UE tenha em consideração que 50 milhões de pessoas que vivem na Amazônia sul-americana precisam ter condições de sobrevivência "digna e decente".

A questão da ação contra o desmatamento na região amazônica se tornou o centro de um duro debate que, na prática, pôs um freio nas negociações por um acordo comercial entre a UE e o Mercosul.

Os dois blocos haviam anunciado, em 2019, um princípio de acordo, mas as políticas ambientais do então presidente Jair Bolsonaro fizeram acender os alertas, e a UE exigiu um capítulo adicional ao acordo sobre proteção ambiental.

Ao falar na abertura da cúpula nesta segunda, Lula disse que os países sul-americanos querem "assegurar uma relação comercial justa, sustentável e inclusiva", e que o acordo UE-Mercosul "deve estar baseado na confiança mútua e não em ameaças".

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