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Declaração

Lula: '"Agora começou o jogo. Vamos jogar e conversar com o Congresso"

Em SP, presidente minimiza mudança nas atribuições de ministérios e diz que é "uma coisa normal"

Presidente Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou as mudanças feitas pelo Congresso na estrutura dos ministérios, que resultaram no esvaziamento da pasta da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Em evento com empresários na Fiesp nesta quinta-feira (25), Lula disse o episódio foi a "coisa mais normal", que agora "começou o jogo" e o governo vai buscar o diálogo com os deputados.

— Eu pego o noticiário e a impressão que eu tenho é que o mundo tinha acabado. “O Lula foi derrotado pela Congresso”, “acaba-se ministério disso, acaba-se o ministério daquilo”. Eu fui ler e o que estava acontecendo era a coisa mais normal. Até então, estávamos mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão, no Congresso Nacional, resolveu mexer, coisa que é quase que impossível de mexer na estrutura de governo, que o governo que faz. E agora começou o jogo. Vamos jogar, conversar com o Congresso e fazer a governança daquilo que precisamos fazer — afirmou o presidente.

Lula ainda pregou que as pessoas não se “assustem com a política".

— Todas as vezes que a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política o resultado é infinitamente pior — enfatizou. — Por pior que seja a política, é nela e com ela que temos soluções para grandes e pequenos problemas do país.

O presidente da República ainda pediu para que os empresários ficassem atentos com o início das negociações envolvendo o acordo Mercosul-União Europeia. Segundo ele, o Brasil vai "demorar um pouco mais" para fechar o acordo pois não irá ceder as compras governamentais.

— Vocês tratem de ficar atentos. Estamos próximos de tentar começar a conversar com a União Europeia sobre o acordo Mercosul-União Europeia. É importante vocês saberem que uma das coisas mais importantes que querem de nós, que a gente ceda, são as compras governamentais. E nós não vamos ceder, pois vamos matar a possibilidade de crescimento da pequena e média empresa — afirmou o presidente. — (As compras governamentais) são um instrumento de política industrial que nós não vamos abrir mão. Vamos demorar um pouco mais para fazer o acordo, tudo bem.

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Lula disse que muita gente que fala de política industrial relega a um lugar secundário o agronegócio, a exportação de commodities. Mas o presidente disse que o país quer que a exportação de matérias primas continue crescendo e isso não atrapalha a indústria.

— É importante que o Brasil continue exportador de grãos, carne e coisas que produzimos. Isso não atrapalha a indústria. O agro tem que comprar mais máquinas e ter acesso à tecnologia - afirmou o presidente.

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Lula voltou a criticar os juros e disse que é uma 'excrecência' o atual patamar da Selic. Ele disse que quando indicava o presidente do banco Central, a Fiesp virava manchete de jornais criticando a política de juros.

— Neste país em que o mercado financeiro tomou conta, o presidente não pode criticar o presidente do Banco Central porque está prejudicando a economia — afirmou.

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Lula defendeu que o Banco do Brasil e a Caixa têm que colocar dinheiro no mercado para girar a economia.

— Senão, como sobrevive o pequeno empresário? Ao pagar juros de 13% ele está comprando o atestado de óbito — disse.

O grande 'vilão'
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse no evento que todo o esforço que a pasta vem fazendo tem como objetivo dar garantia de estabilidade macroeconômica. Haddad afirmou que a indústria tem papel fundamental para o desenvolvimento nacional e apontou o sistema tributário nacional como o grande vilão da baixa competitividade do país.

— Até o Estado nacional não sabe quanto pode arrecadar porque a cada momento há uma decisão judicial que nos deixa em estado permanente de insegurança. O sistema tributário atual não consegue oferecer estabilidade — disse.

Já o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), disse que a reforma tributária vai dar um salto de eficiência ao país, com redução do Custo Brasil e simplificação para ajudar as exportações. Ele disse que o câmbio já está num patamar competitivo, mas os juros não. Lembrou que em 2020, a inflação era maior que atual, mas a taxa de juros era de 2% ao ano.

— Como explicar que com inflação menor temos uma taxa de juros de 13,75%. Isso prejudica a atividade econômica. Mas o regime fiscal já vai ajudar muito - criticou o vice-presidente, que disse que a indústria é fundamental para ter salários melhores, agregar valor e o país poder avançar ainda mais.

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