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BRASIL

Lula brinca com Moraes: "Ninguém vai parar de te chamar de Xandão"

Cerimônia de dois anos dos atos golpistas tem nomes do governo, Congresso e STF

Lula e Alexandre de MoraesLula e Alexandre de Moraes - Foto: Evaristo Sá/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na cerimônia em alusão aos dois anos dos atos do 8 de janeiro no Palácio do Planalto nesta quarta-feira.

— Tenho 79 anos de idade, já vivi muito vendo a vida da Suprema Corte brasileira, e nunca conheci um ministro da Suprema Corte que tivesse um apelido dado pelo povo, chamado Xandão. É um apelido que já pegou. E desse apelido você nunca mais vai se libertar, e não adianta ficar nervoso porque ninguém vai parar de te chamar de Xandão — disse a Moraes.

Em outro momento, Lula também se referiu a Moraes como Xandão ao lembrar do plano, revelado pela Polícia Federal, que envolvia o assassinato deles dois e do vice Geraldo Alckmin após as eleições de 2022. O plano foi descoberto na investigação sobre a trama golpista, quando a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas.

 

Sem os presidentes dos outros Poderes, Lula discursa em evento no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, que marca dois anos dos ataques antidemocráticos em 8 de janeiro de 2023. O evento tem a participação de nomes do governo, Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional.

Não estão presentes os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também chefe do Congresso; e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Todos estão em viagens fora de Brasília e enviaram representantes.

O vice-presidente da Suprema Corte, Edson Fachin, levou à cerimônia uma mensagem de Barroso que descreve o 8 de janeiro como "uma trama que visava o golpe de estado".

— Não devemos ter ilusões da narrativa falsa de que enfrentar o golpismo constituiria autoritarismo. É o disfarce dos que não desistiram das aventuras antidemocráticas com a supressão dos direitos humanos. Não virão tempos fáceis, mas precisamos continuar a resistir — leu Fachin.

O ministro acrescentou, em seu discurso, que a Constituição "estabeleceu o modo pelo que se dá a alternância do poder, pelo voto popular, secreto e direto" e que "os resultados (das eleições) devem ser respeitados dentro da legalidade".

— O STF teve e tem papel decisivo na defesa da lei e da ordem democrática, junto aos demais poderes aqui representados. — declarou Fachin, completando: — A Constituição estabeleceu que o jogo é o da democracia e, numa democracia, não cabe ao árbitro construir o resultado. O juiz não pode deixar de responsabilizar quem violou as regras do jogo, mas não lhe cabe dizer quem vai ganhar.

Enviado por Pacheco, o senador Veneziano Vital do Rêgo, primeiro vice-presidente da Casa, pediu justiça na operação da Polícia Federal que revelou um plano golpista no qual militares tramavam os assassinatos de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Moraes.

— Entre membros das Forças houve aqueles que não se predispuseram a subjugar-se à infâmia dos que tentavam e tramavam contra as vidas (...) É necessário que façamos justiça porque não podemos tratar igualmente os que são desiguais — comentou Vital do Rêgo ao citar o caso.

Representando Lira, que está em Alagoas, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) declarou que "quem tentar romper a democracia não terá leniência":

— Não nos reunimos de forma confortável, já que não queríamos a existência desta data. Mas, precisamos não nos acomodarmos e fincar que nunca mais aceitaremos ditaduras. Trago o abraço do Arthur Lira, que não pôde estar conosco nesta data.

Prêmio Eunice de Paiva e obras restauradas
Durante a cerimônia, Lula assinou o decreto que cria o Prêmio Eunice de Paiva de Defesa da Democracia, que visa homenagear pessoas que tenham tido notável contribuição para a preservação, restauração ou consolidação da democracia no país.

Entre os convidados estão o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que conduz os inquéritos contra os participantes dos ataques. Ele foi ovacionado pelo público presente, que também gritou "sem anistia" após o hino nacional.

Mais cedo, Lula fez uma cerimônia para expor as obras de arte que foram vandalizadas na invasão, após serem restauradas ao longo de 2024. Ao todo, são 21 peças, sendo uma delas o relógio de Balthazar Baltimore, que passou por recuperação na Suíça.

Durante o discurso, a primeira-dama Janja Lula da Silva afirmou que o acontecimento foi um alerta para que a democracia deve ser respeitada. Janja afirmou que o país "não aceita mais o autoritarismo" e citou a restauração das obras como um "antídoto contra as tentações autoritárias".

– O país não aceita mais o autoritarismo. O que aconteceu nessa Praça dos Três Poderes precisa estar na memória do país como um alerta de que a democracia deve ser defendida diariamente, não importa o esforço – afirmou Janja.

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