Lula chama CPAC de evento "antipovo": "Tão desagradável"
Conferência conservadora em Santa Catarina reuniu o ex-presidente Jair Bolsonaro com o argentino Javier Milei, que dispensou viagem para a Cúpula do Mercosul, no Paraguai
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a Conferência Política de Ação Conservadora (Cpac) brasileira de "desagradável, antipovo, antissocial e antidemocrática".
A crítica ao evento conservador, realizado neste fim de semana em Balneário Camboriú (SC), ocorre em meio à crescente tensão entre o chefe do Executivo brasileiro com o presidente argentino Javier Milei.
Milei decidiu não participar nesta semana da Cúpula do Mercosul, em Assunção, no Paraguai, mas veio ao Brasil pela primeira vez após ser eleito para ministrar uma palestra no Cpac.
No Brasil, o evento é capitaneado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem o chefe de Estado argentino mantém proximidade.
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A primeira visita ao Brasil do presidente da Argentina durou menos de 24 horas e foi marcada por encontro com políticos e influenciadores bolsonaristas, além de alguns empresários do Sul. Questionado sobre o evento, Lula disse ser uma perda de tempo:
--- Sinceramente é o tipo de reunião que não me interessa. Eu acho que no final das contas um presidente perder tempo fazendo uma coisa de extrema-direita é tão desagradável, antipovo, antissocial e antidemocrático — declarou Lula a jornalistas em Assunção, após o encontro do Mercosul.
Milei chegou ao hotel por volta das 23h30 do sábado, e foi recebido de forma calorosa por Bolsonaro e por outros políticos próximos ao ex-presidente, como os pelos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), além de parlamentares alinhados à direita e ao conservadorismo.
Em sua estadia no Brasil, Milei assistiu ao jogo do Brasil contra o Uruguai ao lado de Bolsonaro, Jorginho Mello e Tarcísio. No domingo, o argentino participou de uma sequência de reuniões e café da manhã com empresários e mais políticos bolsonaristas. Ele também recebeu de Bolsonaro uma medalha dos três “Is”, que significam “imorrível, imbrochável e incomível” — presente que costuma ser entregue por Bolsonaro a aliados.
O presidente argentino permaneceu no hotel na hora do almoço, e só saiu do local para o evento, em que discursou pouco antes das 17h. Em seu discurso, disse que o ex-presidente é alvo de “perseguição judicial” no Brasil, falou mal do socialismo e de governos de esquerda e não citou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nenhum momento.