Lula chega a São Paulo para o velório de seu neto; filho de Bolsonaro critica
Sua defesa obteve liberação da Justiça para que deixasse a prisão de Curitiba para a cerimônia que deve ocorrer por volta do meio dia no cemitério La Colina, em São Bernardo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, neste sábado (2), a São Paulo, sob custódia da polícia, para assistir ao velório de seu neto Arthur, que faleceu aos sete anos em decorrência de meningite. Lula chegou ao aeroporto de Congonhas às 08h45 em um pequeno avião do governo do Paraná.
Sua defesa obteve liberação da Justiça para que deixasse a prisão de Curitiba para a cerimônia que deve ocorrer por volta do meio dia no cemitério La Colina, em São Bernardo. Segundo a imprensa, o corpo da criança será cremado.
Esta é a segunda vez que Lula deixa a sede da Polícia Federal de Curitiba, onde cumpre desde 7 de abril do ano passado uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A primeira vez foi em novembro, quando foi levado para depor perante um tribunal de primeira instância de Curitiba, em um caso pelo qual foi sentenciado no mês passado a mais 12 anos e 11 meses de prisão.
Lula "está muito triste, diz que jamais esperava uma notícia como essa; disse que deveria ser proibido um pai enterrar seu filho, um avô enterrar o seu neto", declarou a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, que o visitou na sexta-feira.
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Arthur Araújo Lula da Silva, que faleceu vítima de meningite meningocócica no Hospital Bartira de São Paulo, é filho de Sandro Luis Lula da Silva, um dos cinco filhos do ex-presidente. O menino havia visitado o avô em duas ocasiões na prisão de Curitiba.
No final de janeiro, Lula não pôde comparecer ao funeral de seu irmão Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, porque a justiça - após duas recusas - lhe deu uma permissão no último minuto, quando o funeral já estava ocorrendo. "Não deixaram que me despedisse de Vavá por pura maldade", disse Lula na ocasião.
Crítica
O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, considerou "absurda" a autorização da Justiça para a saída de Lula. "Lula é preso comum e deveria estar num presídio comum. Quando o parente de outro preso morrer ele também será escoltado pela PF para o enterro? Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado", escreveu no Twitter.
A mensagem provocou uma onda de críticas, incluindo entre os seguidores do legislador de 34 anos. Já outros adversários políticos de Lula manifestaram apoio.
"Minha total solidariedade ao ex-presidente Lula e sua família neste momento tão difícil. Sou pai de cinco filhos, imagino a dor profunda desta perda tão precoce. Que Deus possa confortar o coração de todos", tuitou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Partido Democratas (DEM).
O pedido para que Lula deixasse a prisão se baseou em um artigo da Lei de Execução Penal que permite que "os condenados (...) poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, uma sentença confirmada em segunda instância, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, como beneficiário de um triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, em troca de favorecer a construtora OAS em contratos com a Petrobras.
E em fevereiro ele foi condenado a outros 12 anos e 11 meses por reformas em um sítio em Atibaia, proporcionada pelas construtoras Odebrecht e OAS em troca de sua mediação para obter contratos na petroleira estatal.
O ex-presidente responde a outros processos, mas se declara inocente em todos e denuncia uma conspiração para impedi-lo de retornar ao poder.