Lula cobra ministros em reunião por solução rápida para a alta no preço dos alimentos
Presidente quer resposta imediata diante dos possíveis efeitos negativos na popularidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, durante reunião ministerial nesta segunda-feira, que os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) apresentem já nos próximos dias medidas para mitigar a inflação dos alimentos.
A inflação elevada é tida por integrantes do governo como um dos fatores mais importantes para a queda de popularidade da gestão de Lula.
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Alimentos e bebidas formam juntos a categoria que liderou a inflação de dezembro medida pelo IPCA, com alta de 1,18%. O índice fechou o mês em 0,52%. Em 2024, a alimentação em casa ficou 8,23% mais cara, de acordo com o IBGE.
De acordo com um ministro, Lula disse na reunião com o primeiro escalão nesta segunda que o problema é concreto e discordou da avaliação das pastas de Fávaro e Teixeira de que a alta estaria relacionada principalmente à desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que os preços de commodities são atrelados à moeda americana, e o enfraquecimento do real favorece a exportação.
O presidente teria afirmado que concorda com a visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segundo a qual a inflação se deve primordialmente à economia aquecida.
Um ministro do governo ouvido pelo Globo faz um paralelo com a inflação americana, considerada relevante para a derrota da candidata democrata Kamala Harris nas eleições de 2024. O Palácio do Planalto teme o impacto da elevação dos preços na popularidade do presidente e o potencial efeito negativo para o projeto de reeleição em 2026.
Aliados do petista lembram ainda a crise envolvendo a alta do preço do tomate no governo Dilma, no início de 2013, que representou um baque na sua aprovação meses antes dos protestos de junho daquele ano.
Ainda nesta semana, Lula quer discutir políticas públicas concretas que possam mitigar a alta do preço dos alimentos, embora haja uma preocupação no governo de que a inflação demoraria a arrefecer. A avaliação do Planalto é que, se os valores não diminuírem logo, o governo precisa pelo menos deixar claro à população que busca resolver o problema. Lula deve passar a tratar do assunto com frequência nas suas falas públicas.
De acordo com relatos, ministros apresentaram a Lula a criação de um grupo de acompanhamento de preços que recomendará a adoção de políticas públicas. O grupo é formado pelos ministérios da Fazenda, Agricultura e Desenvolvimento Agrário.
No rol de possíveis medidas em formulação, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, defende uma política pública focalizada para garantir alimentação mais barata a periferias de grandes centros urbanos. Também estaria na mesa o uso de estoques reguladores.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura encomendou um estudo detalhado dos principais itens impactados pela alta dos preços, após ter identificado que o problema está concentrado especialmente em itens como carne, café e arroz.