BRASIL

Lula critica Bolsonaro por não assumir derrota eleitoral em meio a suspeitas de golpismo

Lula ainda afirmou que a democracia no mundo corre risco pela "extrema direita raivosa, ignorante e bruta"

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Evaristo Sa/AFP

Em meio as suspeitas de uma tentativa de golpe de estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexa-feira (15) que o ex-mandatário "até hoje não reconhece a derrota" nas eleições de 2022.

"E aqui o Bolsonaro, eu não queria falar o nome dele, mas é negação, até hoje não reconhece a derrota dele. Ele fala 'não sei como perdi'. Não sabe como perdeu porque ele gastou quase R$ 300 bilhões e achava que nao ia perder, e perdeu" afirmou o presidente durante evento no Rio Grande do Sul.

Lula ainda afirmou que a democracia no mundo corre risco pela "extrema direita raivosa, ignorante e bruta".

"O que corre risco no mundo é a democracia, e corre risco pelo fascismo, pelo nazismo pela extrema direita raivosa, ignorante, bruta, que ofende as pesoas, que não acredita nas pessoas."

A declaração de Lula acontece no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o sigilo dos depoimentos de militares e civis à Polícia Federal sobre a trama golpista.

Em um dos depoimentos divulgados, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou que Bolsonaro ficava "assustado" quando era informado que os institutos jurídicos usados por ele na minuta do golpe não serviriam para mantê-lo no poder após o dia 1º de janeiro de 2023. Segundo o tenente brigadeiro do ar, em uma reunião que o assunto foi discutido ele deixou isso claro ao ex-presidente. O então comandante do Exército, Freire Gomes, também "tentava convencer o então presidente a não utilizar os referidos institutos", relatou Baptista Junior.

Segundo Baptista Junior, Bolsonaro chegou a consultar a Advocacia Geral da União (AGU) sobre uma "alternativa jurídica" para contestar o resultado das eleições de 2022. A conversa - testemunhada pelo militar - ocorreu em uma reunião no Palácio da Alvorada no dia 1 de novembro de 2022, logo após o segundo turno do pleito em que Bolsonaro saiu derrotado.

Nessa mesma reunião, Baptista Junior relatou que ele, o general Freire Gomes, comandante do Exército, e Bruno Bianco "expuseram" a Bolsonaro que "não tinha ocorrido fraudes nas eleições". "Que todos os testes realizados não constataram qualquer irregularidade", acrescentou ele. Deste modo, o trio pediu a Bolsonaro que reconhecesse a derrota, com "o objetivo de acalmar o país".

Na visão do ex-comandante da Aeronáutica, Bolsonaro demonstrou "resignação" com a derrota eleitoral no início , mas essa percepção mudou em 14 de novembro de 2022, quando ele foi apresentado a um estudo do Instituto Voto Legal (IVL) que questionava o desempenho das urnas eletrônicas. O IVL havia sido contratado pelo PL - partido do ex-presidente - para monitorar as eleições. Baptista Junior afirmou que, a partir daí, Bolsonaro "aparentou ter esperança em reverter o resultado".

O militar, no entanto, advertiu o então presidente que o referido estudo "não tinha embasamento técnico" e que o texto era um "sofisma". Segundo ele, Bolsonaro sabia que a Comissão de Fiscalização das Eleições - constituída pelas Forças Armadas - não identificou qualquer fraude na disputa eleitoral de 2022.

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