Lula critica inexperiência de novo chanceler em entrevista à TV portuguesa
Ainda na entrevista, o ex-presidente disse que vai "esperar chegar 2022 e ver como é que está o quadro político"
Em entrevista à RTP, televisão pública de Portugal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a inexperiência do novo chanceler brasileiro, Carlos Alberto França. Embora seja diplomata de carreira, o ministro só foi promovido recentemente a embaixador e jamais chefiou um posto no exterior.
"O presidente substitui o ministro das Relações Exteriores [Ernesto Araújo] e coloca um substituto que não tem nenhuma experiência de diplomacia em um posto em que o Brasil sempre teve grandes diplomatas exercendo a função. Isso é muito ruim para as relações exteriores do Brasil, porque o Brasil chegou quase a ser protagonista internacional, e hoje o Brasil é tratado como um país muito insignificante", afirmou.
Lula afirmou que as recentes mudanças ministeriais demonstram a fragilidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"O presidente não consegue ter ministros bons porque as pessoas não querem participar do governo do Bolsonaro, porque o governo efetivamente não está tratando o povo com seriedade e muito menos tratando os brasileiros com o respeito que o povo necessita."
Na avaliação do petista, a atual política externa brasileira acabou com a credibilidade internacional do país.
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"O Bolsonaro criou contencioso com todos os países achando que o Trump iria lhe ajudar. Acontece que o Trump perdeu as eleições, e acontece que o Bolsonaro agora ficou sem Trump e ficou sem credibilidade ao nível internacional", completou.
Lula também afirmou que a ONU (Organização das Nações Unidas) e outras entidades internacionais poderiam ter feito mais na gestão da pandemia.
Segundo ele, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já poderia ter convocado uma reunião especial do órgão para discutir a Covid-19 e quem financiaria a vacina. "O G20 já poderia ter sido convocado."
Apesar da observação sobre o líder da ONU, que é português, Lula chamou Guterres de amigo.
Ao manifestar sua vontade de visitar novamente Portugal, o petista citou uma longa lista de políticos, à esquerda e à direita do espectro político. Entre eles está o ex-premiê José Sócrates, acusado de corrupção pela Operação Marquês, chamada de Lava Jato lusa.
"Eu só estou esperando poder voltar a Portugal para dar um abraço no meu amigo António Costa [atual primeiro-ministro], no presidente Marcelo Rebelo, para dar um abraço nos meus velhos amigos, o Guterres, secretário-geral da ONU, o Durão Barroso [ex-premiê], o Sócrates, o Jorge Sampaio [ex-presidente]", disse.
Questionado se seria candidato à presidência em 2022, Lula repetiu que vai "esperar chegar 2022 e ver como é que está o quadro político".
Diante da insistência do apresentador, o ex-presidente brincou e lembrou que é mais jovem do que o presidente dos EUA, Joe Biden.
"Se for necessário, eu posso até dizer que o Biden é mais velho do que eu. Ou seja, quando eu for candidato, eu vou ter um ano a menos do que ele."