Lula critica privatização de Eletrobras e Vale
Segundo ele, mineradora 'foi privatizada e rifada por 899 mil pequenos fundos em que você não tem um dono para conversar e discutir'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira, a privatização de Eletrobras e Vale durante seu discurso na cerimônia de posse da nova presidente da Petrobras Magda Chambriard.
Ao citar a tragédia de rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho (MG), o presidente frisou que o país poderia estar melhor caso tivesse Vale e Petrobras como empresas públicas. Isso porque, segundo o presidente, companhias com “muitos donos” acabam não cumprindo seu papel social.
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— A gente poderia estar melhor ainda. A gente poderia ter aqui do nosso lado a Eletrobras, que era a maior empresa de energia desse país. Poderíamos ter do nosso lado a Vale, que foi privatizada e rifada por 899 mil pequenos fundos em que você não tem um dono para conversar e discutir.
Ele continuou:
— E, quando digo que não se tem um dono para conversar, é porque desde Mariana e Brumadinho, com o desastre das barragens, até hoje não foi paga a indenização às famílias. Uma empresa boa e grande tem que ter alguém responsável por ela para que as coisas possam funcionar corretamente — disse Lula, sob aplausos no Centro de Pesquisa da Petrobras, no Rio.
Segundo ele, empresas com “muito dono” acabam não cumprindo com papeis sociais designados.
— Uma empresa com muito dono, ou seja, que ninguém manda, muitas vezes não tem aquele papel social que é importante cumprir das necessidades soberanas desse país — afirmou.
No evento, Lula também afirmou que a Operação Lava-Jato, cujos desdobramentos o levaram para a cadeia em 2018, queria, na verdade, “desmontar” e privatizar a Petrobras, maior empresa do país.
Durante o evento, Magda Chambriard disse, em seu discurso de posse, que Lula 'não quer confusão' na empresa, e reforçou que sua gestão estará alinhada com a visão do presidente.
Tanto ela quanto o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defenderam a exploração da Margem Equatorial com 'rigorosos padrões de segurança'.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também discursou.
Ele disse que acordos entre a Receita Federal e grandes companhias para encerrar processos administrativos e judiciais que contestam a cobrança de tributos, como o aprovado na segunda-feira pelo Conselho de Administração da Petrobras, podem estabelecer uma “nova relação”, “mais decente”, entre o governo e empresas.