Lula critica Trump em evento de aniversário do PT no Rio: "Não foi eleito o xerife do mundo"
Presidente disse que lema da campanha do norte-americano dá a entender que governa o continente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, neste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante o aniversário de 45 anos do PT, na Zona Portuária do Rio, Lula disse que o lema de campanha de Trump “Make America Great Again” - do português: torne a América grande novamente - dá a entender que ele governa todo o continente.
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Ele também disse que Trump age como se Canadá e Groenlândia fossem países que respondessem ao seu governo.
— Este cidadão não foi eleito para governar o mundo inteiro. Ele foi eleito para governar os Estados Unidos e que governe bem. (…) nós vamos governar o Brasil.
Antes de dar a declaração, Lula chegou a usar o boné “Brasil dos brasileiros”, frase de seu ministro da Secom, Sidônio Palmeira, em resposta ao lema de Trump.
O presidente iniciou seu discurso contando sobre sua saúde. Em dezembro, ele passou por uma cirurgia no cérebro em decorrência de uma hemorragia. Ele sofreu uma queda no banheiro enquanto cortava a unha da mão.
— Os médicos chegaram a dizer que eu poderia ter entrado em coma ou morrer. Ontem fiz exames e Lulinha está 100%. (…) Eu estou mais vivo do que nunca, mais forte do que nunca e quem quiser me derrotar vai ter que ir para a rua.
Além de Lula, também discursaram os líderes na Câmara e no Senado, Lindbergh Farias e Rogério Carvalho, respectivamente, assim como o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, e o governador do Piauí, Rafael Fonteles. ]A deputada federal Benedita Gonçalves (PT) cantou “O Poder da Criação”, de João Nogueira.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fez um aceno ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— O déficit orçamentário nós estamos resolvendo né, ministro Fernando Haddad. O seu trabalho e comprometimento.
O ex-ministro José Dirceu teve uma das recepções mais marcantes. Preso em três ocasiões diferentes, por acusações referentes ao Mensalão e à Lava-Jato, Dirceu foi recebido com gritos de “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”.
A primeira-dama, Janja da Silva, e treze ministros estão presentes, incluindo os três que podem sofrer mudanças na iminente reforma ministerial, como Nísia Trindade (Saúde), Márcio Macedo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
O gesto político mais marcante ocorre com Nísia Trindade, que além de estar sendo fritada no governo, não é filiada ao PT.
Nos bastidores, articuladores do presidente dão como certa a saída de Nísia. Por ser uma pasta estratégica, o ministério sempre foi alvo de desejo dos partidos, enquanto a ministra sempre representou uma indicação técnica e não política.
Quem deve substituí-la é o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), que sentou ao lado de Nísia no ato desde sábado.