Lula defende ministra da Saúde após pressão do Centrão: 'Tem ministros que não são trocáveis'
Centrão tem pressionado para ampliar seu espaço no primeiro escalão do governo em troca de aumentar a base de apoio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, mais uma vez, a permanência da ministra Nísia Trindade no comando do Ministério da Saúde. Sem citar nomes de outros ministros, Lula afirmou que alguns titulares "não são trocáveis".
O Centrão tem pressionado para ampliar seu espaço no primeiro escalão do governo em troca de aumentar a base de apoio ao Palácio do Planalto no Congresso. Nesse processo, além do cargo da Nísia, partidos estão visando pastas como o Ministério do Desenvolvimento Social, Esportes e o comando da Caixa Econômica Federal.
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— Eu tenho muito orgulho de ter escolhido a Nísia ministra da Saúde.[...] Então, estou dizendo isso porque estamos em um período que o Congresso está de férias e todo dia eu leio nos jornais a troca de ministros. Eu já troquei todo mundo, só falta eu mesmo me trocar. Deixa eu falar uma coisa pra vocês. Eu vou viajar agora, eu disse pra Nísia já publicamente. Tem ministros que não são trocáveis. Tem pessoas e tem funções que são uma coisa da escolha pessoal do presidente. Ela não é ministra do Brasil, ela é minha ministra.
A primeira troca foi formalizada nesta quinta-feira, quando Lula convidou o deputado federal Celso Sabino (União-PA) para assumir o comando do Ministério do Turismo no lugar de Daniela Carneiro, que perdeu apoio da legenda.
Lula deu as declarações durante evento de sanção da MP de recriação do programa Mais Médicos. Ele estava acompanhado pela primeira-dama, Janja da Silva, e pelos ministros Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).
Antes de discursar, a ministra da Saúde foi amplamente aplaudida pelo público. Lula, Janja e os ministros levantaram e aplaudiram Nísia de pé.
Nesta quinta-feira, o presidente também defendeu a permanência de Wellington Dias no comando do Desenvolvimento Social e afirmou que não vai entregar o comando para o Centrão.
— Esse ministério, é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério — afirmou em entrevista à TV Record.
Na semana passada, durante a participação na 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), em Brasília, Lula defendeu publicamente pela primeira vez a continuidade de Nísia no cargo.
— Na semana passada eu liguei para a Nísia, eu tinha visto uma nota, uma pequena nota no jornal, que tinha alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Eu fiz questão de ligar para a Nísia, porque eu ia viajar para fora do Brasil. Eu disse: 'Nísia, vá dormir e acorde tranquila porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser' — afirmou ele. — Eu tenho certeza que poucas vezes na vida a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde para cuidar do povo com o coração como uma mãe cuida dos seus filhos. E eu não tenho dúvida. Tive muita sorte com meus ministros da Saúde, mas precisou uma mulher para fazer mais e fazer melhor.