Lula deixa Sindicato dos Metalúrgicos para se entregar à PF
Ex-presidente seguiu em um carro descaracterizado da polícia para o aeroporto de Congonhas, de onde seguirá, de jato da PF, para Curitiba
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Após tumulto, com bloqueio de militantes na entrada do prédio, o ex-presidente entrou em um carro da Polícia Federal, e deve se dirigir à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde começará a cumprir pena decretada pelo juiz Sérgio Moro.
Antes da saída, por volta das 16h50, Lula embarcou em um carro descaracterizado da polícia, porém manifestantes sentaram no portão do Sindicato e impediram a saída do veículo. Impossibilitado de sair, Lula retornou ao prédio.
O petista deve seguir para o Aeroporto de Congonhas e, de lá, ir de jato da PF para Curitiba. As primeiras informações são de que, ao chegar em Curitiba, ele será levado de helicóptero à sede da PF, onde deve passar a noite. Não se sabe ainda se ele fará o exame de corpo de delito em São Paulo ou em Curitiba.
A Polícia Militar do Paraná organizou um esquema para evitar confrontos entre manifestantes favoráveis e contra Lula em frente ao prédio. Os dois grupos ficarão separados por um espaço de 30 metros, entre eles haverá ainda uma barreira de policiais e carros da corporação para assegurar que não se encontrem.
Na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente terá uma cela especial, com banheiro privativo e direito a duas horas diárias de banho de sol. O espaço era usado para alojar policiais de outros estados, ou advogados que precisassem pernoitar, mas ao longo das últimas duas semanas foi adaptado para eventualmente acolher aquele que seria o preso mais famoso da Operação 'Lava Jato'.
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Entenda o caso:
Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia foram denunciados pelo Ministério Público Federal, por serem supostamente os verdadeiros donos de um triplex no Guarujá. De acordo com a denúncia, as reformas feitas no imóvel pela construtora OAS eram parte de pagamento de propina da empreiteira, que teria sido favorecida em contratos com a Petrobras. O imóvel teria sido reservado para o ex-presidente, mesmo sem ter havido transferência formal, o que configura tentativa de ocultar o patrimônio (ou lavagem de dinheiro). O valor dos recursos citados chegaria a R$ 2,2 milhões.
Em 12 de julho de 2017, o juiz de primeira instância Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão. A defesa apelou ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) - em Porto Alegre, segunda instância da Justiça - , mas Lula foi condenado novamente, no dia 24 de janeiro de 2018, e teve a pena aumentada para 12 anos e 1 mês de reclusão.
No dia 4 de abril, com o placar final de 6 a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram o pedido de habeas corpus solicitado pela defesa de Lula na tentava de impedir a execução provisória da pena imposta a partir da confirmação de sua condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Os advogados do ex-presidente sempre negaram as acusações, sustentaram que o julgamento foi político e que houve cerceamento da defesa. No dia seguinte (5 de abril), o juiz Sérgio Moro recebeu um ofício do Tribunal Regional Federal da 4ª Região informando que já não havia obstáculos legais para o início do cumprimento da pena do petista e emitiu a ordem de prisão em seguida.