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Lula descarta guru econômico e centraliza discurso sobre a área

Para aliados, petista quer mostrar que não aposta em desenvolvimentismo

Ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da SilvaEx-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Julien de Rosa/AFP

No momento em que outros pré-candidatos a presidente buscam gurus para auxiliá-los em temas econômicos, o petista Luiz Inácio Lula da Silva segue um caminho contrário. O ex-presidente deu uma ordem expressa para que ninguém do partido fale sobre economia em seu nome ou trate de medidas de um futuro governo.

Na estratégia desenhada por Lula, caberá a ele próprio, por enquanto, falar do assunto. O veto a porta-vozes para o tema tem como alvo principal Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, que figurou como principal economista do PT por duas décadas. Nas campanhas presidenciais de 1989, 1994 e 1998, ele era apontado como virtual ministro da Fazenda.

Mercadante havia sido um crítico duro do programa de estabilização da moeda implantado no governo Itamar Franco (1992-1994) e ficou de fora do ministério montado pelo petista ao chegar ao poder em 2002.

O objetivo de Lula com a iniciativa é deixar claro que uma nova gestão não será marcada por políticas desenvolvimentistas, como no governo de Dilma Rousseff (2011-2016). Mercadante fez mestrado e doutorado na Unicamp, escola conhecida pela linha heterodoxa, além de ter sido um dos principais auxiliares de Dilma — não na área econômica.
 

Lula prevê um ministro da Fazenda não vinculado a linhas dogmáticas econômicas, como foi o médico Antonio Palocci em seu primeiro governo. Na visão do ex-presidente, a economia tem que ser conduzida com medidas simultâneas das correntes ortodoxa e heterodoxa. Avalia que é possível ter compromisso com responsabilidade fiscal ao mesmo tempo que promove investimentos públicos.

Um aliado próximo aposta que nem Mercadante nem Fernando Haddad, que também é economista, seriam escolhidos para a pasta. Ambos são vistos como integrantes de um eventual futuro governo, mas em outras áreas. Mercadante, inclusive, acompanhou Lula na viagem à Europa semana passada.

Em discursos e entrevistas, Lula tem sido sintético ao falar de economia. Adota quase como mantra a frase: “É preciso incluir o pobre no orçamento”. Porém, não tem especificado como seria feito. Em alguns casos, o petista acrescenta que é preciso também “colocar o rico no imposto de renda”, sugerindo uma reforma tributária que não foi feita nos 13 anos do PT no governo.

Em Bruxelas, Lula destacou ainda o papel do BNDES para conter os efeitos da crise econômica mundial de 2008. Apesar disso, segundo aliados, Lula considera equivocada a política de “campeões nacionais” das gestões petistas.

Em relação aos preços dos combustíveis, o petista quer um modelo diferente do praticado atualmente, baseado no valor do mercado externo, e também do adotado por Dilma, que segurou os preços de forma artificial.

Outros políticos que já manifestam intenção de concorrer à Presidência têm se valido de conselheiros para a área econômica. O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) anunciou Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, como guru. Ciro Gomes (PDT) conta, desde a eleição passada, com Nelson Marconi, professor da FGV, e com o deputado Mauro Benevides Filho, ex-secretário da Fazenda do Ceará.

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