Lula deve enviar diplomata a reunião na Suíça para discutir paz entre Rússia e Ucrânia
Presidente não vai a encontro, porque Rússia não estará presente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve escolher a embaixadora do Brasil na Suíça, Cláudia Fonseca Buzzi, para representá-lo na reunião convocada pelos suíços para discutir o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia, em meados deste mês. Como o presidente russo, Vladimir Putin, não foi convidado para o evento, Lula não participará do encontro, que terá a presença de cerca de 100 países.
Segundo interlocutores do governo, Lula também não pretende repassar a tarefa a membros do primeiro escalão do governo, como o chanceler Mauro Vieira, ou o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim. A ideia é enviar alguém para marcar presença, mas sem mandato para tomar decisões.
De acordo com pessoas próximas a Lula, o envio da diplomata vai depender de os organizadores da cúpula permitirem que os países possam ser representados pelos seus embaixadores. Originalmente, diziam que o convite era só para os chefes de Estado ou de Governo.
A postura de Lula foi criticada, na semana passada, pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Em entrevista a jornalistas da América Latina, incluindo O Globo, o líder ucraniano questionou o que chamou de priorização e aliança com a Rússia pelo Brasil. Em resposta, o Itamaraty afirmou que não existe engajamento do governo brasileiro com nenhuma das partes.
Já Celso Amorim disse que o Brasil respeita o sofrimento do povo ucraniano. Ele defendeu a participação de todas as partes envolvidas, Ucrânia e Rússia, sob o argumento de que só assim será possível um diálogo.
A posição do Brasil é a mesma da China: Brasília e Pequim não creem em um acordo de paz sem a participação dos russos.
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Há cerca de dez dias, Brasil e China apresentaram uma proposta conjunta para as negociações de paz com a participação de Rússia e Ucrânia. O entendimento foi assinado após reunião em Pequim do assessor especial de Lula com o chanceler da China, Wang Yi.
Na declaração, ficou claro que, para Brasil e China, a Rússia não pode ficar de fora de negociações para resolver o conflito. Os dois países apelam às partes em conflito que respeitem três princípios para permitir a abertura de negociações: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte.
Lula no G7
Desde o início da guerra, tanto o Brasil do ex-presidente Jair Bolsonaro como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido críticas, por ser contra as sanções econômicas aplicadas à Rússia. O argumento é que o Brasil não segue punições unilaterais, e sim as que são aprovadas multilateralmente, no âmbito das Nações Unidas.
Na semana passada, Lula confirmou sua participação na Cúpula do G7, grupo que inclui as principais potências industriais do mundo. O evento será presidido pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e ocorrerá entre 13 e 15 de junho na cidade de Puglia, no sudeste da Itália.