ONU: Lula diz que uso da força 'sem amparo' virou regra no mundo e que guerra se expande
Presidente participa da abertura da Assembleia Geral, em Nova York
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, em discurso na Assembleia Geral da ONU, que o uso da força "sem amparo" virou regra no mundo. Ele citou o conflito entre Rússia e Ucrânia, criticou a ofensiva israelense em Gaza e disse que a guerra se expande "perigosamente" para o Líbano.
"Assistimos a uma das maiores crise humanitária da História recente que se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como uma ação de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa se tornou em direito de vingança que impede um acordo para liberação de reféns e adia o cessar fogo", disse o presidente.
Lula afirmou ainda que há um "triste recorde" do maior número de conflitos:
"O ano de 2023 registra o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo, mais de 90 bilhões de dólares foram usados com arsenais nucleares. Recursos poderiam ter sido usados para combater a fome, mas o que se vê é o aumento das capacidade bélicas."
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Crise climática
Em outro momento, o presidente cobrou que países mais pobres tenham auxílio financeiro para combater o avanço das mudanças climáticas.
"Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos, está cansado de meta de redução de emissão de carbono, negligenciada do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega."
'Plataformas sem regras'
Lula também criticou a "falta de regras" no ambiente digital, no momento em que a rede social X, do bilionário Elon Musk, está suspensa no Brasil após descumprir ordens em série do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Futuro de nossa região passa por Estado sustentável, eficiente e inclusivo que enfrente formas de discriminação que não se intimidam diante de indivíduos, corporações e plataformas digitais que se julgam acima da lei. Liberdade é a primeira vitima em um mundo sem regras."
Defesa da democracia
À tarde, Lula e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, organizam um evento paralelo denominado “Em defesa da democracia. Lutando contra extremismos”. A reunião será em formato de mesa redonda.
Lula ainda tem uma série de reuniões ao longo do dia. Converesa com o rei Abdullah II, da Jordânia; tem uma reunião fechada com Sánchez; e se encontra com o presidente da França, Emmanuel Macron. Ele ainda se reúne com o o presidente do Grupo Fitch, Paul Taylor. O governo tenta conquistar de volta o "grau de investimento" de agências de claissificação de risco.
As propostas do G20 voltarão a ser discutidas na quarta-feira, último dia de Lula em Nova York, em uma reunião com líderes do grupo. Outros países que não fazem parte do bloco serão convidados.