Lula diz na ONU que guerra na Ucrânia "escancara incapacidade coletiva" de mediar conflitos
Discurso de presidente brasileiro abriu Assembleia Geral das Nações Unidas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira, ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, o atual sistema das Nações Unidas, especialmente o Conselho de Segurança. Ele citou como exemplo a guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro do ano passado, com a invasão russa ao país do Leste Europeu.
— A guerra na Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer valer a carta da ONU. (...) Nenhuma solução será doadora se não baseada em diálogo — afirmou Lula.
Sem citar a Rússia, Lula criticou a aplicação de sanções unilaterais. Sem a aprovação do Conselho de Segurança, alguns países, como Estados Unidos, Austrália e os membros da União Europeia, decidiram punir os russos com embargos econômicos.
— As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos.
Lula e Zelensky
O assunto será discutido, na quarta-feira, em um encontro bilateral entre Lula e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. O mandatário brasileiro reforçar sua proposta de criação de um grupo de países para negociar um acordo de paz.
Lula e Zelensky nunca se encontraram presencialmente para uma reunião bilateral. A última vez em que conversaram por por videconferência, em março deste ano.
Em maio, autoridades brasileiras e ucranianas tentaram agendar uma reunião, que acabou não acontecendo. A Ucrânia declarou que houve incompatibilidade de agendas, enquanto o Brasil informou que Zelenky não apareceu, apesar de terem sido oferecidos vários horários.
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Guerra Fria
Para o Brasil e outros países emergentes, o Conselho de Segurança tem se mostrado incapaz de resolver grandes conflitos. Uma das razões é o pequeno número de países, incluindo a Rússia, com direito a veto.
Em seu discurso, Lula alertou para o risco de ser reeditada uma nova Guerra Fria, em uma referência às relações entre EUA e a extinta União Soviética, no século passado. Segundo ele, o Conselho de Segurança vem perdendo credibilidade.
— Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria.
Cuba
Lula, que esteve com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, no último fim de semana, disse criticou o embargo econômico a Cuba pelos EUA, em vigor há décadas. Ele saiu em defesa do país caribenho.
— O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo.