Lula diz que pretende concluir acordo "equilibrado" com UE neste ano
Após encontro com presidente brasileiro, chefe do bloco europeu diz querer pacto, que continua travado, "o mais cedo possível"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (17) em reunião do fórum empresarial União Europeia (UE)-América Latina que o Brasil pretende concluir "ainda este ano" um acordo "equilibrado" entre o Mercosul e a UE.
A declaração do presidente, que está em Bruxelas para a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com o bloco europeu, veio pouco após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmar querer concluir o pacto "o mais rápido possível", em meio às divergências que prolongam mais as negociações de décadas.
O acordo Mercosul-UE perdeu importância na cúpula após divergências entre os dois blocos, sobretudo depois de os europeus terem enviado um documento chamado “side letter” em que pedem mais compromissos ambientais da região. O Brasil já elaborou sua resposta, que agora circula entre os parceiros do Mercosul e ainda não foi enviada ao bloco europeu.
— Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder aos desafios presentes e futuros — disse Lula nesta segunda.
No discurso durante o fórum empresarial, o presidente falou sobre o tema que lhe é mais caro no acordo: compras governamentais. Segundo ele, "as compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”.
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O governo brasileiro atual é contra o trecho que trata de compras governamentais no texto do acordo negociado ao longo de mais de vinte anos, cuja versão final foi negociada no governo Temer e finalizado durante Bolsonaro.
— EUA e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional — disse Lula, defendendo sua posição.
Lula acredita que a abordagem para compras governamentais deveria ser revista, o que implicaria reabrir o texto de negociação. Fontes ligadas à negociação acreditam que reabrir o texto para tratar de compras governamentais, como quer Lula, e de meio ambiente, como querem os europeus, significaria postergar por tempo indefinido o fechamento do acordo.
Mais cedo, após uma bilateral com Lula, Von der Leyen havia dito que deseja resolver as diferenças que restam sobre o acordo comercial "o mais cedo possível" sem especificar uma data. Como adiantou O Globo, a expectativa era que, apesar de ter saído da agenda oficial da cúpula, o acordo fosse discutido no encontro de Lula com a política alemã.
Von der Leyen também disse que, se o acordo for alcançado, as populações e os negócios das duas regiões estarão mais conectados, as cadeias de suprimentos mais diversificadas e as economias mais modernizadas "em maneiras que reduzem as desigualdades e beneficiam a todos". O bloco europeu, disse ela, quer ser um parceiro que busca com o Mercosul um acordo "ganha-ganha" que beneficie os dois lados e elogiou a atual política externa brasileira.
— Eu dou as boas-vindas à reemergência do Brasil como um grande ator global. Isso é oportuno e já gerou impulso positivo para a parceria estratégica entre as nossas duas regiões — afirmou ela.