BRASIL

Lula diz que sites de aposta são problema "mais grave" do que o jogo do bicho

Presidente citou que essas práticas causam dependência e que famílias estariam gastando até 14% da renda com a atividade

Lula durante evento no Rio nesta sexta-feira Lula durante evento no Rio nesta sexta-feira  - Foto: Pablo Porciúncula/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira, durante evento no Rio de Janeiro, que "todo mundo joga no jogo do bicho". A declaração ocorreu em meio a críticas do petista ao setor de apostas esportivas on-line, que o governo vem buscando regulamentar.

— Esse país aqui, há cem anos, não poderia tocar um tambor no Theatro Municipal, nem pandeiro, nem capoeira, tudo era proibido. Esse país é engraçado: o jogo de bicho é proibido até hoje, mas todo mundo joga no bicho — discursou Lula.

Em seguida, mesmo sem citar a palavra "aposta", o presidente passou a descrever práticas do setor, que tem se multiplicado em diferentes empresas e comerciais constantes na televisão, entre outras estratégias. Para Lula, este panorama configura um problema "mais grave" do que o causado pelo jogo do bicho, cujas sangrentas disputas por território deixaram um rastro de violência e morte no Rio ao longo das últimas décadas.

— O que é mais grave, pior do que o jogo do bicho, é 24 horas por dia de jogo na televisão, o jogo digital. (...) Isso porque cassino é proibido aqui, porque é jogo do azar. Jogo do bicho é jogo não sei das quantas. Mas agora, no jogo eletrônico pode jogar criança de 5 anos de idade a pessoas de 90 anos. A ordem é jogar, já que as empresas não pagam imposto — discorreu o presidente, citando que essas práticas causam dependência e que famílias estariam gastando até 14% da renda com a atividade.
 

"Se isso não é genocídio, não sei o que é"
As declarações de Lula sobre o jogo do bicho ocorreram durante o anúncio de R$ 250 milhões em investimentos no programa Seleção Petrobras Cultural-Novos Eixos, voltado para patrocínios de projetos culturais, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Ao longo de seu discurso, o presidente também reforçou a condenação aos ataques de Israel na Faixa de Gaza.

— Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, quero dizer para vocês da mesma forma que disse quando estava preso, que eu não trocava minha dignidade pela liberdade. Eu não troco minha dignidade pela falsidade. Eu sou favorável a criação do Estado Palestino. E pelo Estado Palestino viver em harmonia com Israel. O que o estado de Israel está fazendo com o povo palestino é genocídio. Estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, não sei o que é — pontuou Lula.

A contenda diplomática com Israel teve início após uma entrevista de Lula concedida a jornalistas no hotel em que ele estava hospedado em Adis Abeba, a capital da Etiópia, onde o petista havia sido convidado para participar da sessão de abertura da cúpula da União Africana. Na ocasião, ele comparou ação de Israel em Gaza ao Holocausto.

— O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus — disse.

De lá pra cá, o presidente foi declarado "persona non grata" por Israel, enquanto a diplomacia brasileira também enviou recados via Embaixada israelense no país. Além da repercussão internacional, a declaração também gerou efeitos internos. Lula tornou-se alvo de um pedido de impeachment por parte da oposição, que também protocolou uma denúncia no Tribunal de Haia.

— Não tentem interpretar a entrevista que dei na Etiópia, leiam a entrevista. Leia a entrevista em vez de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não está morrendo soldado, está morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio — reforçou Lula no Rio.

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