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PERNAMBUCO

Lula diz que Venezuela vive regime autoritário, mas não é ditadura

Lula ainda afirmou que não acredita na possibilidade de que haja uma guerra civil no país, temor já apontado por Amorim, seu principal auxiliar para assuntos internacionais

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do BrasilLuiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que a Venezuela vive um regime autoritário, mas negou que seja uma ditadura. Lula afirmou ainda que Nicolás Maduro tentou barrar a ida do assessor especial Celso Amorim para acompanhar o processo eleitoral, mas foi convencido após ameaça de Lula em publicizar o assunto.

— E acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é ditadura, é diferente de ditadura, é um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como conhecemos em vários países do mundo — afirmou Lula. 

O presidente completou, em outro momento: — Quando o Ceso Amorim ia viajar para a Venezuela eu fui informado que eles tinham pedido para o Celso Amorim não ir para a Venezuela. Eu mandei comunicar a eles que se o Celso Amorim não pudesse ir, eu comunicava a imprensa que a Venezuela estava impedindo o Celso Amorim. Ai deixaram o Celso Amorim ir.

 

Nesta quinta-feira, Lula afirmou que não reconhece a vitória de Maduro e que o venezuelano "sabe que está devendo" uma explicação ao mundo. O presidente também afirmou que não reconhece a vitória de Edmundo González Urrutia, principal candidato da oposição, indicando que qualquer reconhecimento tem de ser feito com base em resultados críveis.

Para Lula, se Maduro tiver "bom senso", poderia convocar novas eleições no país — proposta que lhe foi sugerida pelo assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. Segundo o brasileiro, uma das sugestões é criar um "governo de coalizão" com a oposição venezuelana.

Lula ainda afirmou que não acredita na possibilidade de que haja uma guerra civil no país, temor já apontado por Amorim, seu principal auxiliar para assuntos internacionais.

— Eu não acredito em uma guerra civil, eu não acredito. Porque eu acho que há muitos países com disposição de ajudar que a gente viva em paz na América do Sul. A guerra não leva a nada, a guerra só leva à destruição. A paz leva ao crescimento econômico, distribuição de riqueza. É isso que eu espero para a Venezuela.

O governante de esquerda foi proclamado reeleito para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, com 52% dos votos. A oposição liderada por María Corina Machado, que considera a declaração fraudulenta, criou um portal em que diz ter apresentado mais de 80% de atas eleitorais, coletadas por testemunhas no dia da votação, que provariam a vitória de González com quase 70%. María Corina, que foi impedida de disputar o pleito, ofereceu entregar os documentos para verificação do Brasil, mas o governo rejeita uma apuração paralela, reforçando a necessidade de que o governo venezuelano apresente as atas eleitorais.

Nesta quinta-feira, em audiência pública no Senado, Amorim afirmou que o Brasil não reconhecerá um terceiro mandato de Maduro, a partir de janeiro do ano que vem, se as atas eleitorais não aparecerem. Na semana passada, o Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais do processo eleitoral na Venezuela, disse que as atas eleitorais coletadas pela oposição são "consistentes", afirmando que González venceu de maneira clara e "por uma margem intransponível".

Pela primeira vez falando em público sobre a proposta de Amorim sobre novas eleições, Lula também pontuou que uma eventual nova votação poderia ocorrer com com observadores internacionais — Amorim havia defendido que a União Europeia suspendesse as sanções em vigor e enviasse observadores se houvesse nova votação. Na terça-feira, porém, o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, propôs uma reforma eleitoral para suspender a observação internacional nos pleitos.

Desde que ouviu a sugestão de nova eleição, Lula tem considerado o assunto e chegou a tratar sobre o tema na última reunião ministerial, realizada na semana passada. Na ocasião, afirmou que Maduro deveria ter tido, ele próprio, a iniciativa de convocar um novo pleito, segundo pessoas presentes no encontro.

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