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Lula diz que Zelensky "quis a guerra": "Esse cara é tão responsável quanto o Putin"

Em entrevista à revista Time, ex-presidente atribui conflito a Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Ucrânia

LulaLula - Foto: Evaristo Sa / AFP

Em entrevista à revista americana Time, publicada nesta quarta-feira (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, "quis a guerra" com a Rússia, que ocorre desde fevereiro em solo ucraniano e já deixou milhares de mortos. O petista, pré-candidato à reeleição, estampa a capa da publicação com a data de 23 de maio, que traz escrito: "O segundo ato de Lula".

"Ele (Zelensky) quis a guerra. Se ele (não) quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo (ao confronto)!", disse o ex-presidente.

A declaração foi feita em meio perguntas sobre o que faria para se relacionar com diferentes chefes de Estado a partir de 2023, se eleito, uma vez que o mundo estaria hoje muito fragmentado diplomaticamente, e se o ex-presidente conversaria com Putin mesmo após a invasão da Ucrânia. Lula respondeu que políticas "colhem o que plantam" e que, "se eu planto discórdia, vou colher desavenças".

"Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação", afirmou.

Lula disse não saber se conseguiria evitar o conflito, mas afirmou que, se fosse presidente do Brasil, teria telefonado para os presidentes dos Estados Unidos, da França, da Rússia e da Alemanha para tentar uma solução pacífica. Ele criticou Zelensky por não ter adiado a discussão sobre entrada na Otan em meio à escalada das tensões entre os dois países.

"Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin".

Lula é apresentado pela revista como o líder mais popular da história recente do país que "retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação". Na foto de capa da edição, com a data de 23 de maio, ele aparece vestindo uma gravata com as cores da bandeira do Brasil, sob o título "O segundo ato de Lula". A revista tem capas distintas para diferentes regiões do mundo.

O texto reconta sua trajetória após deixar a Presidência, incluindo sua prisão no âmbito da operação Lava-Jato, e as posteriores soltura e anulação de sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal, quando a Corte concluiu que o juiz do caso, Sergio Moro, sem citá-lo nominalmente, atuou com parcialidade. Agora, menciona a publicação, ele deve disputar as eleições contra o "atual presidente de direita radical Jair Bolsonaro", que tem 31% de intenções de voto contra 45% do petista.

Ilustrada com uma imagem do discurso de Lula na manifestação do 1º de maio em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, no último domingo, a entrevista foi feita no fim de março.

O petista afirmou à revista que, ao deixar o Palácio do Planalto em 2011, não pensava em se candidatar novamente, mas que viu as políticas públicas implementadas pelo PT serem desmontadas nos últimos anos.

Perguntado sobre qual política econômica implementaria caso fosse eleito presidente, Lula repetiu uma resposta que vem dando em entrevistas recentes. Disse que não discute o assunto antes de ganhar as eleições porque primeiro é preciso ganhar, segundo ele, para depois saber com que aliados compor e que tipo de decisões tomar. Afirmou também que bastava olhar para o que foi feito em seus dois governos, entre 2003 e 2010, para se ter ideia do rumo que a economia vai tomar.

Sobre a questão energética, na contramão do que vem defendendo ambientalistas e ativistas do clima preocupados com as mudanças climáticas, o petista defendeu a extração e o uso do petróleo enquanto não houver energia alternativa.

"Veja a dependência da nossa querida Alemanha agora. Angela Merkel tomou a decisão de fechar todas as usinas nucleares, não contava com a guerra da Ucrânia. Hoje a Europa é muito dependente dos russos para poder ter energia. O que você pode estabelecer é um plano de longo prazo para você diminuir (o consumo de petróleo) na medida em que você vai criando alternativas. Não dá para imaginar que os Estados Unidos vão parar de utilizar petróleo do dia para a noite, ou qualquer país".

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