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Lula e Lira se reúnem no Alvorada após crise na articulação política

Os dois tomaram café da manhã no Palácio da Alvorada, residência oficial de Lula

Prova de força: Lira conseguiu, na gestão Lula, manter o controle da CBTU, um de seus feudos políticos mais antigos e que o tornou réu por corrupção Prova de força: Lira conseguiu, na gestão Lula, manter o controle da CBTU, um de seus feudos políticos mais antigos e que o tornou réu por corrupção  - Foto: Sergio Lima/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (5) com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) após uma semana de crise na articulação política do governo. Os dois tomaram café da manhã no Palácio da Alvorada, residência oficial de Lula. O encontro não estava previsto na agenda oficial do Palácio do Planalto.

Lula chegou a indicar na semana passada que se encontraria com o presidente da Câmara, o que acabou não ocorrendo. A previsão era que os dois se reuniriam na quarta-feira, dia da votação da Casa da MP dos ministérios. Os dois, no entanto, tiveram apenas uma conversa por telefone pela manhã.

O texto foi aprovada na Casa às vésperas de perder a validade. A tramitação no Congresso finalizou apenas na quinta-feira, último dia do prazo. Emparedado pela falta de prazo e sem uma base fiel no Congresso, o Palácio do Planalto praticamente abriu mão de reverter no Parlamento o esvaziamento de ministérios, como o do Meio Ambiente, chefiado por Marina Silva, e passou a apoiar o texto de autoria do relator da proposta, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Na correria pela votação do texto, a articulação política do Palácio do Planalto recebeu críticas públicas de parlamentares, inclusive de Lira. O presidente da Câmara chegou a afirmar que havia uma "insatisfação generalizada dos deputados" com a "falta de articulação política do governo".

"Há uma insatisfação generalizada dos deputados, e talvez dos senadores, que ainda não se posicionaram, com a falta de articulação política do governo, não de um ou outro ministro" afirmou, completando: "Quando o relatório saiu, o deputado Isnaldo apanhou quatro dias seguidos sem uma única defesa daqueles que participaram com ele do acordo. Então não é justo, se não houver votos, que o relatório seja derrubado. Se não houver votos, eu penso que a matéria não será nem votada."

Lira também afirmou a interlocutores que não pautará mais nenhum projeto de interesse de Lula na Casa enquanto o governo não promover mudanças na articulação política com parlamentares.

A mudança na postura de Lira leva aliados do Palácio do Planalto a verem risco de não conseguir aprovar a tempo outras duas medidas provisórias (MPs) que estão perto de caducar e envolvem temas tidos como prioritários para o governo. Entre elas, estão a que retomou o programa Mais Médicos e que instituiu o novo Minha Casa Minha Vida, que expira no próximo dia 15 e é motivo de apreensão, já que não há base constituída para a aprovação. Quanto ao Mais Médicos, ainda há prazo para manobra.

Após os sobressaltos para conseguir a aprovar a MP dos Ministérios, o governo começou a debater internamente mudanças na composição da Esplanada. Lula, no entanto, negou publicamente a possibilidade de uma reforma ministerial.

Como o Globo ostrou, no entanto, no receituário traçado por líderes partidários ouvidos pelo Globo, a solução para o Palácio do Planalto não ampliar a lista de derrotas em votações importantes inclui desde mudanças na composição dos ministérios até a definição de novos interlocutores com os parlamentares.

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