Lula e Netanyahu precisam ter "mais cautela", diz embaixador de Israel
Daniel Zonshine classificou fala de brasileiro como "problemática", mas diz que episódio não pode impedir relações entre os dois países
O embaixador de Israel no Brasil disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e primeiro-ministro Netanyahu precisam "escolher as palavras com mais cautela". Ainda segundo Daniel Zonshine, a comparação feita pelo brasileiro entre a guerra em Gaza e o Holocausto foi "problemática", mas não pode inviabilizar as relações entre os dois países.
— Temos que escolher as palavras com mais cautela, com essa visão de longo prazo na cabeça, e agir de uma maneira — não quero dizer mais responsável — mas olhando o longo prazo — disse o embaixador, em entrevista ao Uol, quando questionado sobre o que seria necessário do Brasil e Israel para superar o episódio.
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O embaixador também relatou como foi a conversa com o ministro das Relações Exteriores Mauro Viera, nesta segunda-feira. Segundo ele, o tom foi 'duro'. Questionado sobre como a crise entre os dois países seria superada caso o governo brasileiro não se retrate da afirmação de Lula, o embaixador israelense respondeu:
— Temos que dar mais tempo para as coisas e evitar declarações dessa natureza (...) Com o tempo, vamos ver de que maneira podemos melhorar e voltar para coisas mais práticas e que os dois lados se beneficiem.
Segundo o blog da Bela Megale, organizadores do ato pró-Bolsonaro desistiram de convidar o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para a manifestação que acontecerá em São Paulo.
— O tema é exclusivamente o presidente. Não seria bom dividir as pautas — disse à coluna o advogado e ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, de quem partiu a ideia do convite.
A possibilidade de Zonshine comparecer ao ato pró-Bolsonaro causou incômodo no governo Lula, e até foi discutida a sua expulsão do Brasil, como revelou a colunista Malu Gaspar. Ao Uol, o embaixador disse que não irá ao ato e se negou a responder se mantém diálogo com Bolsonaro.
— Quando eu cogitei convidá-lo, era para dar conforto a um representante de um país que sempre foi amigo do Brasil que sofre perseguição e adjetivações absolutamente descabidas e absurdas. Era para evidenciar que o embaixador tem suporte no Brasil, diante das ameaças de expulsão dele do Brasil — disse Wajngarten à coluna.