Lula espera sinais de Milei para decidir sobre aproximação
Proximidade do presidente eleito com Bolsonaro preocupa governo brasileiro
O governo brasileiro espera sinais de Javier Milei, eleito neste domingo (19) presidente da Argentina, de que há possibilidade de existir uma relação amistosa com o Brasil, independentemente das diferenças políticas e ideológicas entre os gestores dos dois países. Somente a partir de então será possível uma conversa telefônica entre Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até mesmo a ida de Lula à posse do economista da direita radical, em Buenos Aires, no próximo dia 10 de dezembro.
Até o momento, a avaliação em Brasília sobre os últimos movimentos de Milei é negativa. A conversa entre o argentino e o ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma chamada de vídeo na manhã desta segunda-feira, foi mais um balde de água fria em qualquer expectativa de uma boa convivência entre os dois governos. Bolsonaro já confirmou sua ida à posse do economista que se intitula como ultraliberal.
Chamado de “comunista” e “corrupto” por Javier Milei, Lula reagiu friamente ao resultado da eleição de domingo, em uma rede social. Parabenizou o novo governo, sem citar Milei, e afirmou que o Brasil “sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”.
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Mais do que isso, o presidente brasileiro não deve fazer. Lula não tomaria a iniciativa de telefonar para Milei, após ser alvo de ofensas, disse um interlocutor da área diplomática.
Na área econômica, há dúvidas sobre o que acontecerá com o Mercosul. Mas existe a convicção de que os negócios no setor privado, que colocam a Argentina como um dos principais parceiros comerciais do Brasil, serão mantidos.
Também não está claro sobre o que acontecerá com projetos comuns, como a construção de um gasoduto que sairia do país vizinho até o Rio Grande do Sul. Parte da obra seria financiada pelo BNDES.