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Lula faz piada ao citar violência contra mulheres após jogos de futebol

Planalto afirma que presidente 'em nenhum momento' endossou crimes de gênero e que a gestão petista 'tem atuado de forma sistemática para ampliar continuamente' a 'proteção para este público'.

Presidente Lula Presidente Lula  - Foto: Agência Brasil/EBC/Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma piada associada à violência contra as mulheres durante evento no Palácio do Planalto nesta terça-feira. Ao lamentar os dados de uma pesquisa que apontou que os casos de agressão doméstica aumentam após jogos de futebol, o petista complementou, entre sorrisos, que "se o cara é corintiano, tudo bem". Lula é torcedor declarado do clube paulista.

A declaração veio depois de o presidente voltar a dizer que é cobrado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, por conta da agendas oficiais com baixa presença feminina. Pouco antes, ele havia classificado como "louvável" e "extraordinário" o fato de haver nove mulheres presentes ao encontro com empresários do setor da indústria de alimentos. "Eu nunca fiz uma reunião com tantas mulheres aqui dentro", frisou, para logo em seguida tecer o comentário alusivo à violência de gênero.

" Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad (Fernando Haddad, ministro da Fazenda), que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corinthiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui ", afirmou Lula aos presentes.

Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira, o Planalto assegurou que o presidente "em nenhum momento" endossou a violência contra mulheres. 

O texto acrescenta que "o respeito às mulheres é valor inegociável em todas as esferas do governo federal" e argumenta que a gestão petista "tem atuado de forma sistemática para ampliar continuamente as oportunidades e a proteção para este público".

Nesta quarta-feira, sem citar especificamente o episódio da véspera, Lula reclamou do que chamou de frases "tiradas de contexto" em vez da "notícia completa". A queixa aconteceu em nova solenidade no Palácio do Planalto, desta vez para formalizar a sanção do projeto que estende os prazos de conclusão de cursos do ensino superior para mães e pais estudantes.

"Muitas vezes, (você) está vendo telejornal e o que predomina no telejornal não é a notícia completa, é uma frase da notícia tirada de contexto que, de preferência, se puder fazer intriga, melhor. Se não puder, não tem problema ", disse o presidente.

Em outro evento em Brasília, que reuniu pessoas com deficiência ainda pela manhã, Lula contou que foi alertado por Janja para "tomar cuidado com cada palavra" que seria dita na agenda. Por isso, ele decidiu ler um discurso e abandonar o improviso. Antes de se concentrar nas palavras redigidas previamente, o petista indicou que não poderia cometer deslizes.

"Quando eu vim falar aqui, a Janja me alertou uma coisa: "Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar, porque essa gente tem a sensibilidade aguçada", narrou.

O presidente fez ainda uma ressalva ao afirmar que é "um analfabeto" e precisa "aprender muito" com os convidados do evento.

"Eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema. Também, se eu falar alguma palavra, vocês sabem que nesse assunto vocês são especialistas. Vocês sabem que eu sou um analfabeto, e preciso aprender muito com vocês para a gente aprender a cuidar de vocês com carinho e respeito necessário."

Neste terceiro mandato, Lula tem acumulado gafes e declarações infelizes.

Ao entregar moradias do programa "Minha casa, minha vida" em Fortaleza, por exemplo, sugeriu que uma beneficiária, mãe de três crianças, que a primeira coisa que ela deveria fazer é “parar de ter filho”. Em outra agenda, o presidente disse a uma jovem negra que subiu ao palco que "afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor".

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