SOLIDARIEDADE

Lula, Flávio Dino e Gilmar Mendes comentam morte de criança de 3 anos baleada por agentes da PRF

A morte de Heloísa dos Santos Silva foi confirmada na manhã deste sábado, após uma parada cardiorrespiratória irreversível

O presidente Lula em evento no Palácio do PlanaltoO presidente Lula em evento no Palácio do Planalto - Foto: Evaristo Sá/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou neste sábado (16), a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, baleada na cabeça e na coluna no dia 7 de setembro, quando um agente da Polícia Rodoviária Federal efetuou disparos de fuzil em direção ao carro em que a família estava, no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica. Lula manifestou sentimentos pela perda e se solidarizou com os familiares da menina.

Em suas redes, o presidente escreveu: "Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares."

Outras autoridades também se manifestaram nas redes sociais. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino compartilhou a publicação da PRF no X (antigo Twitter). No post, ele escreve: "Abaixo, a manifestação da Polícia Rodoviária Federal sobre a tragédia de hoje. Quanto à apuração de responsabilidade administrativa, reitero que o processo administrativo foi instaurado no mesmo dia da ocorrência. Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo, como a lei determina. Também já há Inquérito Policial na Polícia Federal, que será enviado ao MPF e à Justiça."

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a questionar a existência da PRF. Ele relembrou o episódio que levou à morte de Genivaldo de Jesus Santos, sufocado em uma viatura com gás lacrimogênio no Sergipe, no ano passado, e lamentou a morte de Heloísa neste sábado.

Heloísa dos Santos Silva morreu na manhã deste sábado no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após uma semana internada. Dor e comoção definem os sentimentos de parentes da criança.

— Estou desolada, assim como todos os familiares — lamentou Daniele Silva Santos e Sousa, tia da criança.

Ela fez ainda um desabafo:

— Que a justiça seja feita e que a Heloísa seja a última vítima de ações imprudentes da PRF. Que o caso seja, de fato, um marco para as mudanças de protocolo desse serviço, que deveria ser, prioritariamente, para cuidar, e não matar e causar esse dano a uma família de bem. Dessa forma, além de ela ser eternizada em nossos corações, poderá ser um marco para a evolução da segurança pública do nosso país. 

Heloísa é descrita como uma criança que transbordava felicidade. 

— Seu sorriso e alegria jamais serão esquecidos. Sua inocência e carisma continuarão encantando todos os nossos corações — homenageia Daniele. 

A morte da paciente foi confirmada às 9h22, após uma parada cardiorrespiratória irreversível, informou a Secretaria municipal de Saúde de Duque de Caxias. Ela estava internada na unidade desde o dia 8.

Na madrugada da última quinta-feira, dia 14, Heloísa sofreu uma parada cardiorrespiratória e apresentava um quadro hemodinamicamente instável, segundo o último boletim divulgado à tarde pela unidade. Ela precisou ser reanimada pela equipe médica após seis minutos.

A menina seguiu internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital. A família de Heloísa estava se dividindo em turnos para acompanhar o quadro de saúde dela. A tia, Daniele, e a avó, Eliza, chegaram ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, por volta das 6h30 na quinta-feira. Segundo elas, a irmã de Heloísa, de apenas 8 anos, não vê a mãe desde o dia do incidente e pergunta pela Heloísa todos os dias.

Relembre o caso

Uma testemunha que viu a abordagem de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao carro onde estava a menina e sua família filmou a ação policial. Na gravação, o homem diz que os policiais “saíram atirando no carro”. No vídeo, é possível também ouvir, ao fundo, gritos de parentes da criança, que havia acabado de ser baleada.

A menina estava acompanhada dos pais, da tia e de uma irmã, quando disparos foram efetuados contra o veículo. Os parentes dizem que os tiros partiram de agentes da PRF. A família mora em Petrópolis e retornava de Itaguaí, na Região Metropolitana, onde foi passar o feriado de Sete de Setembro.

Policial entrou no CTI

O Ministério Público Federal investiga por que um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) entrou no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) que Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, está internada após ser baleada durante uma ação da corporação. O policial teria ido ao Hospital Adão Pereira Nunes neste sábado. A Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, disse, em nota, que já identificou o policial que entrou sem farda, mas com um distintivo da corporação, no CTI onde Heloísa está internada.

O RJTV2, da TV Globo, teve acesso às imagens das câmeras da unidade, que mostram o policial com o distintivo da corporação entrando no local de acesso restrito. O Ministério Público Federal (MPF) também pediu o afastamento de todos os envolvidos, por 30 dias e a apreensão das armas dos policiais. Também foi requisitado pelo MPF acesso ao procedimento investigatório interno aberto pela Corregedoria da PRF.

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