Lula foca em negociações com o Congresso, e reunião com Campos Neto deve ser remarcada
Encontro foi desmarcado já na quarta-feira e nem chegou a constar nas agendas de Campos Neto e Fernando Haddad
A reunião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria nesta quinta-feira com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto, foi cancelada já na noite de quarta-feira. Um novo encontro entre os três deve ser remarcado.
O motivo do cancelamento, segundo interlocutores do governo, é a necessidade de Lula focar nas negociações com o Congresso nesta reta final de ano.
Lula e Haddad se encontraram pela manhã com lideranças e o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Forte (União-CE). A reunião ocorreu em meio às discussões sobre eventual mudança na meta de zerar o rombo nas contas públicas.
Campos Neto, por sua vez, tem compromissos marcados em São Paulo e teria que vir a Brasília. O adiamento foi visto com naturalidade dentro do Banco Central, que aguarda o agendamento de um novo encontro.
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Como se trata do presidente da República, tanto Campos Neto quanto Haddad fariam todo ajuste necessário nas agendas para atender ao pedido de Lula.
Esse seria o segundo encontro entre Lula, Haddad e Campos Neto. No final de setembro, os três fizeram uma reunião, após meses de fortes críticas de Lula ao trabalho do Banco Central.
O presidente chegou a se referir a Campos Neto como "esse cidadão" e a dizer que o Banco Central estava sendo "irracional" ao manter a Selic em 13,75%, de janeiro a agosto deste ano.
Desde agosto, no entanto, o Copom começou a reduzir os juros, o que amenizou as críticas de Lula. A Selic já caiu por três vezes para 12,25%, e o BC já sinalizou pelo menos mais dois novos cortes de meio ponto nas próximas reuniões.
A manutenção da meta de déficit zero em 2024 é vista como decisivia para que a Selic possa ter um ciclo mais prolongado de quedas e permaneça na casa de um dígito já no ano que vem.