Lula foi monitorado por dois meses pelos "kids pretos", diz PF
Grupo de militares do Exército estaria encarregado, segundo a PF, de matar autoridades. Relatório foi entregue ao STF nesta terça-feira
A Polícia Federal concluiu que os chamados ‘Kids Pretos’, encarregados de matar autoridades, monitoraram por dois meses o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de outubro de 2022. O relatório final foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (26).
De acordo com a PF, o monitoramento foi iniciado em meados de novembro de 2022, com equipes formadas por militares Forças Especiais (FE) do Exército monitorando o itinerário de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o emprego de recursos do Batalhão de Ações e Comando-BAC da Força.
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“Outrossim, a investigação também identificou ações nos meses de novembro e dezembro relacionadas ao monitoramento do então presidente eleito LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, especialmente nas proximidades do hotel Meliá em Brasília/DF, local em que o presidente estava se hospedando na capital Federal. Da mesma forma, evidenciou-se que o Policial Federal WLADIMIR MATOS SOARES aderiu ao intento golpista, inclusive repassando informações sensíveis sobre a estrutura de segurança do presidente eleito”, diz a PF.
Na última quinta-feira (21), a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e mais 33 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. De acordo com a PF, foi identificada uma "organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder."
O ex-diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal, também foi indiciado. O relatório foi concluído e entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta tarde.
Ao longo da investigação, a PF apontou que, sob o mando de Bolsonaro, oficiais das Forças Armadas, ministros do seu governo e assessores participaram de reuniões na qual discutiram a possibilidade de dar um golpe de Estado, que, segundo a PF, não se concretizou porque não teve o aval dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica. O general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, chefes das respectivas Forças, prestaram depoimento à PF na condição de testemunha e implicaram o ex-presidente na trama.
O teor das oitivas se deu em linha com os relatos dados pelo tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborou com a PF nas investigações. O militar fechou um acordo de delação premiada, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro do ano passado.
Na primeira manifestação após o indiciamento, Bolsonaro criticou Moraes — ministro responsável por processos que tratam das investidas golpistas como os ataques de 8 de janeiro.