Lula indica Dilma para cargo de comando no Brics: relembre a relação de idas e vindas
Exaltada nos discursos atuais, ex-presidente já foi criticada no passado pelo atual mandatário por "dificuldade de ouvir"
Presente em cerimônias, citada em discursos de Lula e agora possivelmente indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics (NBD), a ex-presidente Dilma Rousseff já teve sua gestão criticada pelo companheiro de sigla no passado. No primeiro turno das eleições presidenciais, durante entrevista ao Jornal Nacional, Lula afirmou, por exemplo, que Dilma “cometeu equívoco na questão da gasolina, da desoneração fiscal”, ao comentar a política econômica da petista.
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Ainda em 2015, Lula já havia feito críticas à sucessora ao dizer que Dilma tinha um “governo de mudos” e estava no “volume morto”, assim como ele e o PT, ao se referir à falta de comunicação de ministros com a população e à baixa avaliação da aliada, em uma conversa privada com religiosos revelada pelo GLOBO. Ele também disse, na época, que Dilma tinha dificuldade de ouvir até mesmo seus conselhos. O episódio gerou um afastamento temporário entre os dois.
Ao ser questionado sobre o papel que Dilma teria se fosse novamente eleito, Lula foi na mesma linha, em janeiro de 2022, e respondeu que Dilma “não tem o traquejo nem a paciência que a política exige”.
A Dilma é uma pessoa pela qual eu tenho o mais profundo respeito e carinho. A Dilma tecnicamente é uma pessoa inatacável, tem uma competência extraordinária. Onde ela erra, na minha opinião, é na política, declarou. Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar, para ouvir as pessoas.
Um mês antes, em dezembro 2021, a ausência da ex-presidente em um jantar promovido pelo grupo Prerrogativas havia gerado questionamentos. O evento marcou a primeira vez em que Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, se encontraram publicamente pela primeira vez. Na ocasião, segundo a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a amigos que a questionaram a respeito da ausência no jantar, Dilma confirmou ter sido excluída, e confessou ter ficado surpresa com a falta de convite. Para os interlocutores, a ex-presidente afirmou ter entendido que se tornou um problema político para Lula.
No início do pleito, petistas apostavam que a ex-presidente seria escondida na campanha. Lula exaltou ao longo da disputa feitos de sua gestão sem incluir o período da sucessora e pregou alianças com nomes que apoiaram o impeachment, mas Dilma foi convidada a participar e a discursar em diversos comícios. Na festa da vitória de Lula na Avenida Paulista, após a divulgação dos resultados, estava presente e recebeu homenagens. Naquela noite, a ex-presidente usava o mesmo vestido vermelho com que deixou o Palácio da Alvorada pela última vez, após o impeachment de 2016.