Lula: 'Não terei nenhum problema em fazer chapa com Alckmin para governar esse pais'
Questionado sobre a viabilidade de aliança com Alckmin, Lula disse que nunca teve problemas na relação com ele e com José Serra
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não teria "nenhum problema" em compor uma chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin nas eleições presidenciais deste ano. Em coletiva nesta quarta-feira (19), Lula defendeu Alckmin e disse que o ex-tucano já se definiu como oposição ao presidente Jair Bolsonaro e ao governador João Doria, pré-candidato pelo PSDB à Presidência.
"Não terei nenhum problema em fazer chapa com o Alckmin para ganhar e governar esse país. Só não posso dizer ainda porque falta definir para qual partido ele vai, ver se o partido vai fazer aliança com o PT", disse Lula, que no início da entrevista afirmou ainda não ter definido a própria candidatura.
Questionado sobre a viabilidade de aliança com Alckmin, Lula disse que nunca teve problemas na relação com ele e com José Serra. "Temos divergências, temos. Por isso pertencemos a partidos diferentes. Temos visões de mundo diferentes, temos. Mas isso não impede a possibilidade de que as divergências sejam colocadas em um canto e as convergências de outras para poder governar", afirmou.
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Ao ser perguntado sobre críticas feitas no passado pela esquerda a episódios e medidas ocorridas durante as gestões de Alckmin no governo de São Paulo, Lula defendeu o ex-adversário.
"Sinto que você construiu uma quantidade de defeitos para poder falar do Alckmin. Só quem não tem falado do assunto é o Alckmin e eu. Todo mundo fala todo santo dia. Todo mundo dá palpite. Mas você não vê uma fala minha, uma fala do Alckmin. Ele saiu do PSDB e não se definiu para qual partido vai. Ele não tem partido hoje. E eu não defini minha candidatura. Então não pode ter candidato nem vice."
Lula disse que é preciso ter "tranquilidade" porque "o tempo vai se encarregar, e o tempo está chegando".
"E espero que Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro como ao “dorismo” aqui em São Paulo. O PSDB do Doria não é o projeto social-democrata do Mario Covas, do Serra, criado no período da Constituinte", afirmou. "Na hora que tiver que acontecer, terei um imenso prazer de marcar outra coletiva. Se for Alckmin, que seja, como eu trazia o José Alencar."
A coletiva desta quarta foi a primeira concedida pelo ex-presidente este ano, com a participação de jornalistas do Blog da Cidadania, Brasil 247, Diário do Centro do Mundo, Jornal GGN, Jornalistas Livres, Rede Brasil Atual, Revista Fórum e Tutaméia.
Antes de abrir espaço às perguntas, o ex-presidente fez um discurso de abertura de vinte minutos, no qual afirmou que "ainda não está candidato": "Preciso de tempo para tomar essa decisão. Mas não duvidem do sacrifício que faremos para recuperarmos a democracia do Brasil."
Segundo Lula, a decisão só tem sentido “se tiver um compromisso de fé”. "Não posso querer ser presidente para resolver problemas do sistema financeiro, dos empresários, daqueles que ficaram mais ricos na pandemia", disse.