Lula nega fala de Bolsonaro de que bom desempenho do PT no Nordeste se relacione com anafalbetismo
Segundo analistas, a conquista de votos no norte e nordeste será fundamental para a campanha de Bolsonaro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rechaçou nesta quinta-feira (6) as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que atribuiu o analfabetismo da população ao bom desempenho do esquerdista no Nordeste, fundamental para o resultado do primeiro turno da eleição presidencial.
"As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por sua responsabilidade, elas ficaram analfabetas porque esse país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação" como sob sua presidência (2003-2010), afirmou Lula, após um ato de campanha em São Bernardo do Campo, onde foi líder sindical nos anos 1970.
"Foi um metalúrgico quase que analfabeto que trouxe a universidade para cá", acrescentou, destacando suas políticas para ampliar o acesso à educação universitária.
Lula conquistou 48,4% do votos contra 43,2% de Bolsonaro no primeiro turno da eleição, que será definida na segunda votação em 30 de outubro. Esta diferença foi muito maior nos estados do nordeste, um tradicional reduto de seu Partido dos Trabalhadores (PT), onde 67% do eleitorado apoiou Lula e 26,8%, Bolsonaro.
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Bolsonaro afirmou na quarta-feira nas redes sociais que "Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo. Você sabe quais são esses estados? No nosso nordeste (...) Outros dados econômicos agora também são inferiores na região".
Segundo Bolsonaro, isso se deve aos sucessivos governos do PT: "Onde a esquerda entra leva o analfabetismo, leva a falta de cultura, leva o desemprego", afirmou.
Suas declarações geraram críticas de opositores, rejeitadas pelo presidente nesta quinta-feira no Twitter.
Já Lula pediu que "quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse negacionista, neste monstro que governa este pais".
Segundo analistas, a conquista de votos no norte e nordeste será fundamental para a campanha de Bolsonaro, que se impôs nos estados do sul e centro-oeste, como Santa Catarina e Goiás.
Na Bahia, o estado de maior população do nordeste, com 15 milhões de habitantes, 69,7% dos votos foram para o líder da esquerda, e 24,3% para o atual presidente.
Segundo dados oficiais, até o segundo trimestre de 2022, a quantidade de pessoas com menos de um ano de estudo ou sem instrução representava 11,6% da população do nordeste, acima das demais regiões e da média nacional, de 7,6%.
Por outro lado, norte e nordeste concentra a maior parte dos brasileiros que passam fome: quatro em cada dez famílias, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).
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