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MP dos Ministérios

Lula nega reforma no primeiro escalão e diz que Lira nunca pediu ministérios

Apesar da negativa, assunto vem sendo debatido no Planalto, e presidente já sinalizou positivamente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia inaugural do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia inaugural do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social  - Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou nesta quinta-feira que esteja planejando uma reforma ministerial em meio à crise na articulação política com o Congresso Nacional. Lula também afirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, nunca pediu ministério na sua gestão, mas que se pedisse, iria avaliar.

Após os sobressaltos para conseguir a aprovar a Medida Provisória dos Ministérios, o governo começou a debater internamente mudanças na composição da Esplanada. Apesar da negativa pública, em conversas privadas, o presidente já sinalizou que o assunto está em pauta.

— Não, não. Ele (Lira) não poderia pedir porque o PP é um partido de oposição e tem gente que vota com a gente. O PP teve dois ministérios no governo da Dilma. Se ele pedir, a gente vai avaliar, mas até agora nunca ouvi Lira pedir ministro

Sobre uma possibilidade de troca de ministros, o presidente afirmou que isso não está passando por sua cabeça no momento.

— Não está na minha cabeça fazer reforma ministerial, a não ser que aconteça uma catástrofe que eu tenha que mudar

A Câmara dos Deputados aprovou no final da noite desta quarta-feira a MP que cria a estrutura ministerial do governo Lula. O texto perderia a validade nesta quinta-feira, mas finalizou sua tramitação no Congresso no mesmo dia.

Emparedado pela falta de prazo e sem uma base fiel no Congresso, o Palácio do Planalto praticamente abriu mão de reverter no Parlamento o esvaziamento de ministérios, como o do Meio Ambiente, chefiado por Marina Silva, e passou a apoiar o texto de autoria do relator da proposta, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Recados de Lira
Ontem, Lira afirmou que caso a MP não fosse aprovada, o parlamento não poderia ser responsabilizado. O presidente da Câmara ainda afirmou que "ajuda, mas não é líder do governo" e que há falta de "consideração, de atendimento".

— O presidente da Câmara ajuda, mas ele não é líder do governo ou da oposição. Sou o presidente que mais teve votos de todas as vertentes. Venho alertando o governo dessa falta de pragmatismo. Há falta de consideração, de atendimento.

Lira ainda afirmou que há uma "insatisfação generalizada dos deputados" com a "falta de articulação política do governo".

— Há uma insatisfação generalizada dos deputados, e talvez dos senadores, que ainda não se posicionaram, com a falta de articulação política do governo, não de um ou outro ministro — afirmou, completando: — Quando o relatório saiu, o deputado Isnaldo apanhou quatro dias seguidos sem uma única defesa daqueles que participaram com ele do acordo. Então não é justo, se não houver votos, que o relatório seja derrubado. Se não houver votos, eu penso que a matéria não será nem votada.

'Quando fala demais pode queimar a língua'
Questionado pela imprensa sobre a aprovação da medida provisória, Lula afirmou que "quando a gente fala demais a gente pode queimar a língua". Na ocasião, Lula criticou as avaliações que circularam ao longo do dia de que "o governo estava destruído", em referência a dificuldade de articulação entre Planalto e Congresso Nacional.

— Olha, nós temos um problema que quando a gente fala demais a gente pode queimar a língua. Ontem, eu fiquei surpreso como a votação de ontem foi tratada. Inúmeros meios de comunicação passaram para a sociedade a ideia de que o governo estava destruído, que seria massacrado, que o congresso não iria aprovar. Quando chegou perto das 18h, todos aqueles que falaram do massacre começaram a falar da vitória do governo — afirmou o presidente.

Apesar das declarações, Lula se reuniu com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e com Alexandre Padilha (Relações Insitucionais) de última hora para articular a votação. Para a aprovar a MP, Lula precisou entrar pessoalmente em campo pela primeira vez. Além de um telefonema para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) horas antes da votação, o presidente também se reuniu com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), um dos principais insatisfeitos com a articulação política do governo.

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