Lula participa de cerimônia com militares no Dia do Exército
Presidente foi recebido com honras de chefe de Estado e apresentado às tropas. Comandante ressaltou em texto que a instituição é "apolítica, apartidária e imparcial"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta terça-feira de cerimônia no Quartel General do Exército em homenagem ao Dia do Exército, data em que a instituição completa 375 anos. Lula foi recebido com honras de chefe de Estado e apresentado às tropas. A participação ocorre em meio a uma série de movimentos para distensionar a relação do presidente com os militares, pouco mais de três meses após os ataques terroristas de 8 de janeiro.
Lula passou pelos ritos militares e foi recebido com honras de chefe de Estado. Na ocasião, também houve a leitura pelo comandante do Exército, Tomás Miguel de Paiva, da Ordem do Dia, onde o comandante ressaltou que a instituição é “apolítica, apartidária e imparcial” além de ressaltar o respeito “às instituições e Constituição” e “fé nos princípios democráticos”.
Na ocasião, o presidente entregou medalhas de honraria e, entre os agraciados, estavam presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber. Os três, no entanto, não estavam presentes do evento.
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Lula estava acompanhado do ministro Luiz Marinho (Trabalho), José Múcio (Defesa), do PGR Augusto Aras, e dos comandantes do Exército, general Tomás Miguel de Paiva, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
Também estavam presentes o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, general Eduardo Pazuello - que chegou a ser alvo de um processo de apuração interno por ter participado de um ato político ao lado do ex-presidente-, e o ex-comandante do Exército, de 2015 a 2019, general Eduardo Villas Bôas - que foi assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional na gestão Bolsonaro e já foi apontado pelo ex-presidente como um dos responsáveis pela sua chegada ao Palácio do Planalto.
Como o GLOBO mostrou, Lula tenta distensionar a relação com os militares após os ataques de 8 de janeiro. Os arredores do QG do Exército acabaram concentrando manifestações que se tornaram o epicentro da trama golpista que resultou na invasão da sede dos Três Poderes.
A aproximação com a caserna vem sendo costurada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Tem partido dele a iniciativa para Lula participar de eventos com os fardados.
Ao lado de Múcio, Lula cumprimentou 56 oficiais-generais das Forças Armadas, promovidos no final de março, em uma cerimônia 4 de abril no Palácio do Planalto. Dias antes, em 23 de março, Lula foi ao Complexo Naval de Itaguaí, no litoral do Rio de Janeiro, para acompanhar os avanços do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, batizado de ProSu, que serão empregados no patrulhamento da costa brasileira.
Lula deve almoçar com o comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, e o generalato no começo de maio. O presidente almoçou com o comandante da Marinha, Marcos Sampoio Olsen, e o almirantado em 15 de março e fará a mesma agenda com o comando da Aeronáutica.
Todas essas agendas, aliado ao compromisso do Planalto em investir na indústria de Defesa e manter projetos estratégicos para Marinha, Exército e Aeronáutica, integram um processo para distensionar as relações do Planalto com os fardados. Na avaliação de integrantes do Ministério da Defesa, o movimento é complexo e será uma construção em etapas, que demandará esforços de ambos os lados.
A efetividade dessa série de ações, no entanto, dependerá de outra sequência de gestos, como a manutenção de uma agenda frequente com as Forças e o encaminhamento das propostas de investimento. De outro lado, Marinha, Aeronáutica e Exército também tem feito gestos ao Planalto. As Três Forças enviaram comunicados recentes para suas tropas determinando que os militares que ainda estejam vinculados a partidos políticos se desfiliem, sob risco de punição.
A Constituição proíbe que militares da ativa sejam filiados a partidos políticos. Em entrevista ao portal Brasil 247 no final de março, Lula afirmou que tem palavra da Marinha, do Exército e da Aeronáutica de que farão um esforço para despolitizar as Forças Armadas.
Ordem do Dia
O Exército Brasileiro emitiu uma ordem do dia reafirmando ser uma instituição de “estado”, “apolítica”, “apartidária” e “imparcial”. O texto é assinado pelo comandante da Força, general Tomás Miguel de Paiva.
“O Exército imortal de Caxias, Instituição de Estado, apolítica, apartidária, imparcial e coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão, completa 375 anos de história”.
A Ordem do Dia ainda cita o “respeito à população, às instituições e, sobretudo, à Constituição” e afirma que para isso é preciso um “Exército moderno, com capacidade dissuasória, profissionalismo e aptidão para ajudar ainda mais o Brasil nos desafios vindouros”.
“Tenhamos fé nos princípios democráticos, na resiliência e solidariedade do povo brasileiro e no valor profissional dos nossos militares”, finaliza o texto