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Lula reclama com ministro sobre fala de Kassab, e críticas devem adiar encontro com chefe do PSD

Dirigente disse que petista perderia eleições se fossem hoje e que Haddad é um ministro da Fazenda 'fraco'

Presidente Lula, ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e presidente da Petrobras, Magda ChambriardPresidente Lula, ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e presidente da Petrobras, Magda Chambriard - Foto: Ricardo Stuckert/Presidência/arquivo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou com aliados das críticas públicas feitas pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, ao governo. No Palácio do Planalto, Lula disse ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que o dirigente foi “duro demais” com o titular da Fazenda, Fernando Haddad.

Na quarta-feira, em um evento com investidores em São Paulo, Kassab disse que se a eleição fosse hoje, Lula perderia e afirmou que Haddad era um ministro fraco.

Silveira é o ministro do PSD mais próximo de Lula e ouviu o descontentamento do presidente em uma conversa na quinta-feira. Nesta sexta, o ministro de Minas e Energia e Kassab almoçaram juntos em Brasília.

Pessoas que acompanharam a conversa entre Lula e Silveira afirmam que o presidente fez a reclamação em um tom “ameno”. Auxiliares do Palácio do Planalto, porém, asseguram que o presidente está chateado com a fala. Lula considerou que Kassab tem liberdade para tecer qualquer comentário sobre o governo, mas que não precisava ter feito em público.

A postura é diferente da que Lula demonstrou em coletiva de imprensa com jornalistas no Planalto na quinta-feira, quando ironizou a previsão de que ele seria derrotado se a eleição presidencial fosse hoje.

— Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Eu olhei no calendário e vi que a eleição vai ser só daqui a dois anos e fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição — disse Lula. — Eu acho que ele foi injusto com o companheiro Haddad. Eu posso não gostar de uma pessoa e ter crítica pessoal a uma pessoa, mas não reconhecer que ele começou nosso governo coordenando a PEC da Transição.

O mal-estar causado com a críticas deverá postergar um encontro entre o presidente e o dirigente partidário. Na semana passada, havia uma intenção de agenda entre Lula e Kassab, que foi pré-marcada para o dia 23 de janeiro. A reunião, no entanto, acabou não acontecendo. A conversa ocorreria no desenrolar dos debates da reforma ministerial em que a legenda defende uma rediscussão nos espaços ocupados na Esplanada, movimento que parte de uma insatisfação da bancada do PSD da Câmara.

Integrantes da ala lulista no PSD contemporizaram a fala de Kassab, ao afirmar que o dirigente quer Lula como candidato a presidente em 2026 e Tarcísio de Freitas disputando segundo mandato como governador de São Paulo.

Também afirmam que as críticas foram feitas para o governo “despertar” e assumir protagonismo das mudanças que precisam ser feitas para melhorar a percepção junto a opinião pública, o que inclui a reforma ministerial. A crítica de Kassab foi feita na semana em que a pesquisa Quaest mostra recuo da aprovação ao governo Lula (PT) em cinco pontos, de 52% para 47%.

O partido de Gilberto Kassab ocupa três ministérios no governo Lula — Minas Energia, Pesca e Agricultura. Nas últimas semanas, Kassab, indicou a integrantes do governo que deseja trocar a pasta da Pesca, que tem André de Paula à frente, pela do Turismo, sob a chefia de Celso Sabino, do União Brasil. O Turismo tem um orçamento três vezes superior ao da Pesca, de acordo com a previsão deste ano enviada ao Congresso e ainda não votada. O volume inclui a possibilidade de direcionar verbas para atividades que atraem atenção do eleitorado, como shows e eventos.

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