Lula reinaugura emergência de hospital no Rio e promete transformar unidades federais em referência
Serão 50 novos leitos e capacidade de 700 atendimentos por mês. Prefeito Eduardo Paes também participou do evento
Em sua primeira viagem oficial após uma cirurgia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta quinta-feira no Rio de Janeiro para reinaugurar a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB).
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A unidade, que ficou fechada por cinco anos, agora terá capacidade para atender até 700 pessoas por mês.
A medida faz parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro, conduzido pelo Ministério da Saúde.
A nova emergência contará com 50 leitos, sendo 32 para adultos e 18 pediátricos, além de uma equipe de 48 enfermeiros, 130 técnicos de enfermagem, 20 cirurgiões e cinco pediatras por turno.
Também foram adquiridos equipamentos modernos, como aparelhos de ecocardiograma e eletrocardiograma, monitores multiparamétricos e novas camas hospitalares.
— O Rio de Janeiro tem seis hospitais federais. É preciso transformar essas unidades em hospitais de referência. É isso que nós vamos fazer aqui. Esse hospital que muita gente não queria que a gente fizesse o convênio com a prefeitura. A única razão que me faz estar aqui é porque ninguém é dono de hospital. A partir de agora, vai ter todas as imagens (centro de imagem) que as pessoas precisam para ser tratadas com respeito — disse o presidente Lula, ao destacar que apenas dois estados do Brasil têm unidades federais: o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, aproveitou a cerimônia de inauguração da nova emergência do Hospital Federal de Bonsucesso para enaltecer a parceria com o Ministério da Saúde. Durante seu discurso, destacou que a reabertura da unidade coincide com a retomada do atendimento nas emergências dos hospitais federais Cardoso Fontes e Andaraí.
Paes ainda fez uma brincadeira ao mencionar a escolha do presidente Lula de fazer sua primeira viagem ao Rio de Janeiro após a cirurgia:
— Lula é o presidente mais carioca que conheço. O ministro Ruy queria levá-lo para a Bahia, que eu acho que é o único estado semelhante ao Rio — disse o prefeito em tom descontraído.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, acompanhou a cerimônia e destacou os desafios enfrentados para a reestruturação da unidade:
— Quero agradecer ao presidente que me deu várias missões impossíveis. Hoje não é só a reabertura da emergência, é a entrega plena do hospital. Tivemos que quebrar alguns ovos, mas era necessário para pegarmos esse caminho.
Os deputados federais Dimas Gadelha e Benedita da Silva, que em meio à crise se envolveram em escândalos de loteamento de cargos nos hospitais federais, estiveram ao lado da ministra durante a cerimônia.
O Ministério anunciou ainda a reabertura de 218 leitos que estavam fechados, ampliando a capacidade de 412 para 423 leitos.
Segundo o governo, foram investidos mais de R$ 30 milhões na modernização da unidade, com previsão de destinar ao todo R$ 263,7 milhões ao hospital até 2025.
Polêmicas e denúncias
A cerimônia também ocorreu em meio a polêmicas envolvendo a gestão da unidade, que desde outubro é administrada pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), uma empresa pública do Rio Grande do Sul.
Funcionários denunciam repressão a colaboradores concursados e relataram que apenas profissionais com crachá do GHC foram autorizados a participar da inauguração.
Segundo relatos, uma funcionária com mais de 30 anos de serviço foi impedida de acessar a área reservada para a cerimônia.
As críticas também incluem a falta de insumos e problemas graves na infraestrutura, como a ausência de cilindros de oxigênio em áreas críticas, incluindo a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e o setor de cardiologia.
A situação tem gerado revolta entre os profissionais, que classificam o evento como uma "inauguração fake".
Histórico de intervenção
A transferência da gestão do hospital para o GHC foi apontada como uma tentativa da União de reverter o sucateamento da unidade.
Conforme apurado, agendas de treinamento e visitas técnicas foram realizadas em setembro, antes da mudança administrativa.
A medida enfrentou resistência de servidores, que temiam demissões e precarização das condições de trabalho.
Mesmo com a promessa de reestruturação, denúncias persistem sobre falhas no abastecimento e infraestrutura, gerando questionamentos sobre a eficácia do novo modelo de gestão.
Com perfil predominantemente cirúrgico, o Hospital Federal de Bonsucesso oferece mais de 56 serviços especializados e é referência no Sistema Único de Saúde (SUS) para transplantes renais e atendimento a gestantes de alto risco.
A unidade é uma das principais do Rio de Janeiro e tem papel estratégico no atendimento à população fluminense.