Lula se aproxima de evangélicos para tentar conquistar parte do eleitorado bolsonarista
Lula apresentou uma carta durante encontro realizado em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (19) com evangélicos e garantiu que defenderá a liberdade de culto e que é contra o aborto, na tentativa de conquistar eleitores de um segmento no qual o seu adversário, Jair Bolsonaro (PL), é amplo favorito.
Faltando 11 dias para o segundo turno das eleições, Lula apresentou uma carta durante o encontro, realizado em São Paulo, na qual se comprometeu a manter o livre funcionamento dos templos religiosos, desmentindo afirmações falsas vindas do campo rival de que ele fecharia igrejas.
"Meu governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto e de pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos templos", diz o texto.
Até 30 de outubro, o ex-presidente e favorito nas pesquisas tenta conseguir eleitores entre os evangélicos, que representam quase um terço dos 213 milhões de brasileiros e apoiam majoritariamente Bolsonaro.
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Lula reafirmou no texto o seu posicionamento "contra o aborto", que alguns bolsonaristas colocam em dúvida e é uma preocupação entre os evangélicos, que se opõem a essa prática.
"Nosso projeto de governo tem compromisso com a vida plena em todas as suas fases [...] Sou pessoalmente contra o aborto", diz a carta.
Bolsonaro tem 65% das intenções de voto entre os evangélicos, contra 31% de Lula, de acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na sexta-feira.
Essas estimativas contrastam com a liderança de Lula (49%) sobre o atual mandatário (44%) no eleitorado geral.
Além disso, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) encabeça as pesquisas de intenção de voto entre os católicos, que são cerca de metade da população, com 57% contra 37% de Bolsonaro, segundo o Datafolha.
Lula também criticou os discursos de caráter eleitoreiro nos templos, que se multiplicaram durante a campanha: "Se um pastor quer fazer política, ele que vá para a rua, não pode ir para igreja fazer política", afirmou.
Dias atrás, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota rechaçando a "exploração da fé [...] como caminho para angariar votos no segundo turno".
No dia 12 de outubro, quando os católicos comemoram o dia de Nossa Senhora Aparecida, Bolsonaro assistiu a uma missa no santuário dedicado à padroeira do Brasil no interior de São Paulo. Isso desagradou muitos fiéis, que consideram que o ex-presidente estava fazendo campanha dentro do templo.
De acordo com a imprensa brasileira, padres católicos têm sido alvo de agressões ou repreendidos por seguidores de Bolsonaro, em diversas igrejas pelo país, por supostamente pedirem votos para Lula ou falarem de temas identificados com a esquerda.