Lula sinaliza permanência de Nísia, mas cobra nova marca para o Ministério da Saúde
Presidente pede detalhes e diz que programa 'Mais Especialistas' precisa deslanchar
Em meio às discussões sobre a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que a titular da Saúde, Nísia Trindade, ficará no governo. O chefe do Executivo, no entanto, cobrou que ela apresente uma marca para a gestão.
Em duas conversas recentes, a ministra, acompanhada de auxiliares, apresentou os programas que a pasta tem levado adiante e as políticas públicas que foram retomadas a partir de 2023. Lula, segundo relatos, afirmou que as iniciativas foram criadas em governos anteriores dele e de Dilma Rousseff e que ela precisava ter a marca dela na gestão de uma das pastas com maior orçamento na Esplanada.
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Nísia saiu do gabinete presidencial com a missão de colocar na rua um projeto que dê dividendos ao governo Lula 3. Nos encontros no Planalto, a ministra ouviu de Lula questionamentos sobre detalhes do programa Mais Acesso a Especialistas, considerado uma "obsessão" de Lula. O presidente procurou entender como estava andando a iniciativa e o que é preciso para que ela deslanche. O programa tenta facilitar o acesso de pacientes a consultas e exames especializados.
Embora Lula e a Casa Civil tenham críticas à gestão de Nísia na Saúde por entender que o ministério poderia ser uma das principais vitrines do terceiro mandato do petista, o presidente tem admiração pessoal pela ministra, por seu perfil de gestora e técnica e seguirá apostando em seu trabalho.
A reunião foi acompanhada por outros auxiliares, como o novo ministro Sidônio Palmeira, chefe da Secretaria de Comunicação, escalado para tentar maximizar o alcance das iniciativas na área. Como mostrou O GLOBO, Saúde e Educação são os dois ministérios nos quais Sidônio deve priorizar na largada da sua gestão. Antes mesmo de assumir o comando da Secom, ele já havia ido até o Ministério da Saúde para conversas.
A possibilidade de troca da ministra entrou no radar dos auxiliares de Lula após ele tecer críticas sobre o desempenho da pasta. Além disso, o cargo é cobiçado pelo Centrão, que deseja ampliar espaço no governo. Diante disso, a ministra aumentou o trânsito entre os políticos. No ano passado, após o Congresso aumentar as críticas à sua gestão, ela abriu a agenda e trocou parte dos seus assessores mais próximos na pasta.
No total, foram 265 encontros com parlamentares, de acordo com levantamento feito por sua equipe. Nísia passou também a circular um informe semanal a deputados e senadores com ações da pasta e previsões de sua agenda para incrementar encontros com congressistas também nos estados.