Lula sobre Venezuela: Temos que garantir presunção de inocência até que haja eleições
Segundo o chefe do Executivo, o país vizinho sabe que precisa ter eleição "altamente democrática" para reconquistar espaço no mundo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (6), que não se pode jogar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral na Venezuela antes que ele ocorra. Segundo o chefe do Executivo, o país vizinho sabe que precisa ter eleição "altamente democrática" para reconquistar espaço no mundo.
"(Presidente da Venezuela, Nicolás) Maduro disse que vai convocar todos os olheiros do mundo que quiserem assistir ao processo eleitoral na Venezuela (...), não pode jogar dúvida antes das eleições acontecerem. Temos que garantir presunção de inocência até que haja as eleições", disse, após se reunir com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, filiado ao partido socialista.
A autoridade eleitoral da Venezuela informou nessa terça-feira, 5, que as eleições presidenciais ocorrerão em 28 de julho, data em que se celebra o aniversário de Hugo Chávez, ex-presidente do país e que faleceu em 2013. Não houve, no entanto, menção às candidaturas opositoras mais competitivas que foram inabilitadas, especialmente de María Corina Machado. Espera-se que Maduro busque uma reeleição para um novo período de seis anos, embora ainda não tenha formalizado a sua candidatura.
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Lula voltou a fazer um paralelo entre o cenário político do país vizinho e a tentativa de golpe feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores aqui no Brasil. Ele disse que "nem todo candidato que perde eleição aceita resultado". "Espero que pessoas na eleição venezuelana não tenham o hábito do ex-presidente deste país", afirmou. Em fala direcionada para Sánchez, Lula relembrou que Bolsonaro convocou embaixadores para insinuar que eleições não eram honestas.
Segundo o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, o período para postulação de candidaturas será de 21 a 25 de março. Já o período de campanha está previsto para ocorrer de 4 a 25 de julho. O cronograma inclui um período especial para o registro de eleitores, tanto dentro quanto fora do país, que ocorrerá de 18 de março a 16 de abril.
As datas foram definidas três dias depois de os legisladores venezuelanos terem proposto mais de 20 datas possíveis, desde meados de abril até dezembro. O anúncio também foi feito em um dia simbólico: ontem completaram 11 anos que Chávez morreu em decorrência de um câncer.
A ex-deputada María Corina Machado ganhou as primárias da principal coalizão opositora, a Plataforma Unitária, mas o Tribunal Superior de Justiça do país ratificou em 26 de janeiro a inabilitação política da candidata. Ela, porém, insiste em se lançar na corrida.