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Eleições 2022

Lula tenta se equilibrar entre sua base eleitoral e acenos ao Congresso

Petista tem 'plano B' para o orçamento secreto, quer criar ministérios e diz que dará fim ao teto de gastos

LulaLula - Foto: Evaristo Sa / AFP

Apesar de ter afirmado à revista americana Time que não discutiria política econômica antes do resultado da eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nos últimos dias, passou a dar indicações do rumo da área em um eventual governo. O petista, em declarações recentes, defendeu o fim do teto de gastos e criticou a reforma trabalhista — a pedido de aliados, tem evitado o termo “revogação”.

Em paralelo, disse que, caso eleito, criará mais três ministérios, além de avaliar um “plano B” ao orçamento secreto: integrantes da campanha são entusiastas da ideia de acabar com o mecanismo, mas, para não afrontar o Congresso e atrapalhar a governabilidade, veem como saída o aumento das emendas individuais.

Liderando as pesquisas de intenção de votos, o petista costumava lembrar em seus discursos apenas de realizações de seus antigos governos e fazia ataques ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, ao mesmo tempo que mudou a estrutura de comunicação de sua campanha, também passou a ser mais propositivo. Em atos políticos e entrevistas, o ex-presidente prometeu recriar o Ministério da Cultura, extinto pelo atual governo; o da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e também dos Povos Indígenas.

Em Minas, na semana passada, Lula defendeu o fim do teto de gastos, medida fiscal para conter despesas e investimentos públicos implementada em 2016 pelo governo de Michel Temer (MDB).

— Não vai ter teto de gastos no meu governo. Vamos investir em educação, porque é o que dá mais retorno ao país. O que vai resolver a relação dívida e Produto Interno Bruto (PIB) é o crescimento do PIB — disse o petista em encontro com reitores da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Também implementada na gestão Temer, a reforma trabalhista voltou a ser criticada por Lula na quinta-feira (12), em encontro com sindicalistas em São Paulo. Ele disse que os formuladores da proposta tinham “mentalidade escravocrata”. O ex-presidente vem enfatizando que, em sua visão, existem graves problemas nas mudanças da legislação trabalhista em vigor, mas que ao mesmo tempo ele não quer “voltar ao que era antes”.

Conforme publicou O GLOBO, mesmo com cobranças de partidos aliados, entre eles o próprio PT, o ex-presidente não incluiu em seu programa de governo a bandeira da “revogação” da reforma trabalhista, mas deve optar pelo caminho da “revisão” do pacote, num aceno para o empresariado. 

Defendida por Bolsonaro como forma de “acalmar” o Congresso, as emendas de relator, base do escândalo do orçamento secreto, também estão na mira do petista. Ele avalia oferecer ao parlamentares um aumento nas despesas com emendas individuais, a fatia do Orçamento que é dividida de forma igualitária entre todos os congressistas, em troca de dar fim às emendas sem transparência.

Hoje, R$ 33,8 bilhões do Orçamento estão nas mãos dos parlamentares, por meio dos diferentes tipos de emendas. O plano de aliados de Lula é reduzir a autonomia do relator-geral, que atualmente tem o controle de quase metade desse valor (R$ 16,5 bilhões), mas propor em troca uma solução que não seja tão desvantajosa. Na bancada do PT na Câmara, deputados admitem que não será possível mudar o atual modelo sem colocar uma alternativa generosa à mesa.

Para o analista político e professor da FGV Sérgio Praça, o movimento propositivo de Lula é natural a candidatos de oposição, que precisam se contrapor ao adversário que controla a máquina:

— O candidato de oposição, para se fazer ouvir também, tem que ser propositivo, apresentar à população motivos concretos para o voto. Só o discurso de amor vencer o ódio não sustenta uma campanha.

Lula disse que recriará o Ministério da Cultura e criará o da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e dos Povos Indígenas.

O ex-presidente propõe o fim da medida fiscal para conter despesas e investimentos públicos.

O petista evita o termo “revogação”, mas diz que vai rever pontos da propostas, acenando para trabalhadores e empregadores.

A proposta é oferecer ao Congresso mais emendas individuais, divididas igualmente entre os parlamentares, e acabar com o orçamento secreto.

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