Política externa

Lula troca embaixador do Brasil na ONU

Nomeação de Sérgio Danese ocorre num momento em que o Brasil sinaliza guinada na política externa em temas como meio ambiente, segurança, migrações e gênero

Sérgio DaneseSérgio Danese - Foto: Valter Campanato/ Arquivo/ Agência Brasil

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem acelerado a troca no comando dos principais pontos da diplomacia brasileira. Nesta quinta-feira (19), o Itamaraty comunicou a escolha de Sergio Danese para o cargo de embaixador do Brasil na ONU, um dos postos mais cobiçados na política externa e que promete ser fundamental na guinada da orientação da diplomacia nacional. A informação é do colunista do UOL Jamil Chade.

Danese foi obrigado a deixar, antecipadamente, o cargo de embaixador na África do Sul, em 2021, para que Jair Bolsonaro tentasse emplacar o bispo Marcelo Crivella como o representante do Brasil. Danese, que é respeitado internamente no Itamaraty, conseguiu um cargo de embaixador no Peru, ainda que a remoção de um embaixador com apenas um ano no posto seja considerado como "deselegante".

O governo sul-africano, apesar da troca, não aceitou a proposta de Bolsonaro por Crivella, o que fez com que o o cargo ficasse vago por meses. A nomeação ocorre num momento em que o Brasil sinaliza  uma guinada na política externa em temas como meio ambiente, segurança, migrações e gênero.

O posto estava sendo ocupado como Ronaldo Costa, que teve como função adotar várias das políticas ditadas pela ala mais radical do bolsonarismo e de questionar alguns dos pilares do sistema multilateral.

A postura brasileira foi relativamente suavizada com a saída de Ernesto Araújo. Mas muitos dentro do próprio Itamaraty destacaram como a influência de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e outras figuras mais radicais continuaram a ditar em parte a direção do Itamaraty.

O período de Ronaldo Costa na ONU já caminhava para seu fim e, segundo Chade, apesar da troca, o diplomata não sai arranhado pelo bolsonarismo como outros embaixadores que optaram por mostrar lealdade à ala ultraconservadora e até monaquista dentro do Itamaraty.

Antes de Lula assumir, o governo Bolsonaro se adiantou para nomear embaixadores para postos importantes. O processo, no entanto, foi abortado depois que o novo chefe do Itamaraty deixou claro que não aceitaria nomes propostos e que iria buscar seus próprios aliados para representar o Brasil nestas embaixadas e missões.

No começo de janeiro, tanto o embaixador do Brasil em Washington como a cônsul do Brasil em Nova York, vistos como simpáticos ao bolsonarismo, foram exonerados, assim como o embaixador em Tel Aviv.
 

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