Macron e Lula se reúnem no Planalto para reunião bilateral
Esta é a primeira visita que o líder francês faz a um país da América Latina
O presidente da França, Emmanuel Macron, chegou, no início da tarde desta quinta-feira, 28, no Palácio do Planalto, em Brasília, onde terá uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do Executivo brasileiro e a primeira-dama, Janja da Silva, recepcionaram o francês na entrada do palácio.
Este é o quarto Estado que Macron visita no Brasil em três dias. O presidente francês chegou ao País na terça-feira, 26, e se reuniu com Lula em Belém (PA). Em seguida, visitou Itaguaí (RJ) e São Paulo (SP). Com exceção de São Paulo, Lula acompanhou a visita em todas as cidades.
Esta é a primeira visita que o líder francês faz a um país da América Latina em virtude de uma agenda bilateral. O outro momento em que Macron esteve na região foi em 2018, na Argentina, para participar da Conferência do G20.
De acordo com agenda da presidência da República brasileira, os presidentes devem ficar reunidos por cerca de uma hora. Às 13h, eles farão cerimônia de assinatura de atos, seguida de evento de imposição de condecoração. Às 13h20, ambos os chefes dos Executivos farão uma declaração conjunta à imprensa.
Segundo briefing concedido pelo Palácio Itamaraty na semana passada, há cerca de 30 atos em negociações, mas a previsão é que 15 sejam fechados, entre memorandos de entendimento ou declarações de intenções. Por fim, às 14h, Lula e Janja oferecerão um almoço a Macron no Itamaraty.
Recepcionaram Macron no Planalto alguns ministros do governo. Dentre eles, Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Esther Dweck (Gestão), Paulo Pimenta (Secom), José Múcio (Defesa), André Fufuca (Esportes), Marcos Antonio Amaro (GSI), Waldez Goés (Desenvolvimento Regional), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Jader Filho (Cidades).
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A retomada da parceria entre Brasil e França, que ficou paralisada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, é o principal foco da vinda de Macron. Além de temas nacionais, regionais e globais, como defesa, meio ambiente e economia, é natural que presidentes troquem ideias e debatam visões políticas. Dentre elas, a que se coloca como uma das maiores divergências é a posição contrária de França em relação ao acordo Mercosul-União Europeia.
Na quarta-feira, 27, em um encontro com empresários na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Macron defendeu a redação de um novo acordo entre os blocos que inclua a pauta climática. O francês criticou os termos do tratado atual, citando falta de reciprocidade e demonstrou preocupação de que empresas que "não se preocupam com redução das emissões" entrem na França.
"O acordo Mercosul-UE como está sendo negociado agora é um péssimo acordo. Foi negociado há 20 anos", afirmou o francês na quarta. "Acho que tem que se considerar [no acordo] a biodiversidade e o clima, e isso não está, por isso não dá para defender, eu não defendo."
Outro tema de divergência entre os dois líderes é a guerra entre Rússia e Ucrânia. Apesar de não ser posta como um tema de destaque que será debatido, o governo francês avalia que, diante do recrudescimento na Ucrânia, se faz ainda mais necessário envolver parceiros que tenham posições divergentes para a criação de uma agenda comum.
O debate sobre as eleições presidenciais na Venezuela também é esperado nas conversas entre Lula e Macron. Na avaliação do Palácio Itamaraty, é natural que os líderes tratem de questões regionais de um ou outro país. O pleito no país vizinho está marcado para 28 de julho.