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Atos antidemocráticos

Mãe de dois e morto em penitenciária: quem são os presos pelo 8/1 destacados em pedido de anistia

Proposta foi a principal pauta da manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro em Copacabana no domingo

Cleriston Pereira da Cunha morreu em penitenciária do Complexo da Papuda; Débora está presa por participação nos atos golpistas Cleriston Pereira da Cunha morreu em penitenciária do Complexo da Papuda; Débora está presa por participação nos atos golpistas  - Foto: Reprodução/O Globo

Presente no discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manifestação de domingo, o apelo pela anistia aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023 é organizado pelo bolsonarismo com destaque para a figura de dois presos por participação nos atos golpistas: Cleriston Pereira da Cunha e Débora dos Santos.

Na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o ex-mandatário afirmou que “jamais esperava um dia estar lutando por anistia de pessoas de bem” que, segundo ele, “foram atraídos para uma armadilha”.

Cunha estava preso preventivamente quando morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, em novembro de 2023.

Apelidado de “Clezão”, o homem morava no Distrito Federal há 25 anos e trabalhava em uma distribuidora de bebidas. Ele tinha 46 anos e teve um “mal súbito” durante o banho de sol, segundo ofício da Vara de Execuções Penais (VEP).

Cunha foi preso dentro do Senado no dia 8 e desde então estava preso. Em abril, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por cinco crimes e tornou-se réu.

A defesa do comerciante chegou a solicitar a conversão da prisão preventiva em domiciliar, ao alegar que ele tinha “sua saúde debilitada em razão da COVID-19, que lhe deixou sequelas gravíssimas, especificamente quanto ao sistema cardíaco”.

Na ocasião, a defesa anexou um laudo médico que dizia que havia “risco de morte pela imunossupressão e infecções”.

O relator do caso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, não chegou a analisar o pedido de soltura. Parlamentares bolsonaristas compareceram ao velório de Clezão, descrito como “patriota”, e homenagearam o comerciante na efeméride de um ano dos ataques golpistas.

Já Débora dos Santos está presa desde o dia 17 de março de 2023, por ordem de Moraes. A cabelereira é acusada de escrever com batom a frase “Perdeu Mané” na estátua “A Justiça. A frase escrita faz referência à resposta do ministro do STF Luís Roberto Barroso a bolsonaristas que o hostilizaram nos Estados Unidos.

Moradora de Paulínia, em São Paulo, ela é mãe de dois meninos. Após a vitória do longa “Ainda estou aqui” no Oscar, Bolsonaro compartilhou um vídeo antigo das crianças que seriam filhos de Débora com a legenda: “Ainda estão aqui — órfãos de pais vivos”.

Em setembro, Moraes negou pela terceira vez a soltura da cabelereira. Na decisão, o ministro afirmou que ela apesenta “periculosidade social” e classificou as condutas atribuídas a Débora como “graves”.

A PGR denunciou a cabelereira pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

No domingo, Bolsonaro disse ter angariado apoios na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023. A liberação dos presos foi a principal pauta da manifestação em que o líder do PL reuniu governadores, deputados e apoiadores.

— Há poucos dias, tinha um velho problema e resolvi, com o (Gilberto) Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília — afirmou o ex-presidente. — Todos os partidos estão vindo.

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