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Mãe de filha de Carlos Bolsonaro, Martha Seillier deixa cargo no BID

Economista foi indicada ao cargo pelo então ministro Paulo Guedes; antes, foi presidente da Infraero e secretária do PPI na gestão de Jair Bolsonaro

Alinhada. Seillier ocupou por quase três anos a secretaria responsável por concessões e PPPs Alinhada. Seillier ocupou por quase três anos a secretaria responsável por concessões e PPPs  - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Catorze meses após ser nomeada como diretora do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington pelo governo de Jair Bolsonaro, a economista Martha Seillier, deixou o banco de fomento. Ela foi secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e, no início deste ano, foi notícia por ter dado à luz uma menina, filha de Carlos Bolsonaro e quarta neta do ex-presidente. Ela tinha mandato até 2025, mas sua saída era dada como certa pelo fato de o posto ser, na prática, um cargo de confiança do governo brasileiro.

Alinhada ao bolsonarismo há anos, Seillier foi nomeada para o cargo por indicação do então ministro da Economia, Paulo Guedes, em maio de 2022, quando ocupava o cargo no PPI por três anos. Oito meses depois, a economista deu à luz uma menina, sua filha com o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente notoriamente famoso por administrar as contas de redes sociais do pai.

Em uma publicação escrita em inglês em seu perfil na rede social LinkedIn nesta segunda-feira, Seillier confirmou sua saída do BID, mas não explicou se saiu a pedido ou foi demitida do cargo. O GLOBO entrou em contato com o banco e com o Ministério da Fazenda e questionou o motivo da saída da economista, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

“Meu contrato representando o Brasil e o Suriname no quadro de diretores do BID chegou ao fim”, disse.

No texto, Seillier diz ser grata pela “incrível experiência internacional, pela oportunidade de entender melhor os desafios dos países latino-americanos” e afirma ter “sentimento de missão cumprida”.

“O Banco estava passando por um momento difícil, e ‘falta de confiança’ eram palavras comuns que eram ouvidas nos seus corredores”, disse. Em seguida, afirmou que a instituição fez “as mudanças necessárias para reconquistar a confiança”, em aparente indireta alusão ao escândalo envolvendo o ex-presidente do BID Mauricio Claver-Carone, que deixou o banco em 2022 em meio a m escândalo amoroso.

Em setembro do ano passado, após ter deixado a instituição de fomento, Claver-Carone deu uma entrevista na qual criticava Paulo Guedes por ter supostamente exigido uma vice-presidência do banco em troca de apoio a suas iniciativas.

“Desejo que meus colegas que continuem enfrentando os desafios boa sorte e espero que cada vez mais pessoas de América Latina e do Caribe possam se beneficiar de projetos do BID”.

No governo, Seillier ganhou o apreço de Bolsonaro ao longo dos quase três anos que permaneceu como secretária do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), que comandou até maio de 2022. O órgão é responsável pela elaboração de projetos de concessões e parcerias público-privadas.

Servidora de carreira, Martha foi a primeira mulher a assumir a Infraero, já no início do governo Bolsonaro. Ficou no cargo até julho de 2019, quando foi para o PPI.

Como mostrou O GLOBO à época de sua nomeação para o BID, Seillier sempre buscou mostrar nas redes sociais total alinhamento a Jair Bolsonaro, inclusive em temas não relacionados a concessões. Ela participou, em Brasília, dos atos bolsonaristas de 7 de Setembro, em 2021. Na ocasião, postou um vídeo em suas redes sociais com a hashtag “Supremo é o Povo”, usada por apoiadores do presidente para pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e o impeachment de ministros da corte.

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