Malafaia pede quebra de sigilos de pastores lobistas e chama de 'fraca' defesa de ministro
Suspeitas sobre atuação de dois líderes evangélicos no MEC
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, pediu que o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) quebrem os sigilos bancário, fiscal e telefônico dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de fazer looby para liberação de verba no Ministério da Educação (MEC). Malafaia afirmou ainda que considerou “fraca” a defesa do titular da pasta, o ministro Milton Ribeiro.
— Eu não estou aqui para encobrir nada, queremos uma investigação profunda. Nós somos mais de 200 mil pastores no país. E não vamos tomar lama por causa de dois camaradas — afirma o líder religioso em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.
Principal interlocutor do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segmento evangélico, Silas Malafaia demonstrou impaciência ao falar da postura de Milton Ribeiro. Ele cobrou mais clareza e “veemência” do ministro para rebater as suspeitas.
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— Não estou fazendo acusações ao ministro da Educação. Por enquanto, ele tem comigo a presunção da inocência — diz o pastor, elevando o tom e repetindo com ênfase: — Por enquanto! Mas achei fraca a argumentação. Não pode sangrar o governo e muito menos pastores evangélicos por causa de dois caras.
Ele também saiu em defesa de Bolsonaro, evocando “a roubalheira dos governos PT”. Sobre o fato das gravações publicadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” mostrarem Ribeiro dizendo que estava atendendo uma solicitação do presidente, Malafaia contemporizou.
— O presidente dizer “vá ao ministro, isso é a coisa mais comum. Uma coisa é um presidente mandar (alguém) a um ministro, outra coisa é o presidente dizer assim “faz o que eles estão pedindo”. É uma diferença daqui pra lua — defende o pastor.
Após as suspeitas de lobby de pastores no MEC virem à tona, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia autorizou abertura de inquérito para apurar suspeitas contra Milton Ribeiro. A solicitação havia sido feita pelo procurador-geral da República Augusto Aras na quarta-feira (23).
Em outra decisão, ela também deu 15 dias para a PGR dizer se vai querer investigar o presidente Bolsonaro, indicando que ele também deveria ser alvo da apuração.
Ontem, durante live nas suas redes sociais, Bolsonaro disse que coloca "a cara no fogo" pelo ministro da Educação. O chefe do Executivo disse que o titular da educação é alvo de "covardia" e que não "colocaria na agenda oficial" encontro com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura se ele estivesse "armando".