ELEIÇÕES 2024

Crescimento de Marçal em pesquisa preocupa Nunes

Estão previstas gravações com Bolsonaro para TV, com fortalecimento do vínculo com Nunes

Pablo Marçal em post durante a CPAC, em Santa CatarinaPablo Marçal em post durante a CPAC, em Santa Catarina - Foto: Instagram/Reprodução

O resultado da primeira pesquisa Datafolha sobre a disputa eleitoral em São Paulo, que indica avanço do coach Pablo Marçal (PRTB), provocou reações diretas na estratégia de campanha do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O resultado indica empate técnico dos dois com Guilherme Boulos (PSOL) e mostra que Marçal cresce entre os eleitores do ex-mandatário, em um cenário em que Nunes pouco se atrela a Bolsonaro e prefere enumerar os feitos da sua gestão. Por isso, a missão da equipe de Nunes é trabalhar, mais do que nunca, o vínculo com Bolsonaro.

O ex-presidente receberá convites para gravações de TV e os programas eleitorais que ainda serão gravados devem enumerar os feitos dele por São Paulo, além de trazer imagens dos dois juntos, fazendo alusão a uma parceria também com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Direcionamento
Essa era uma das principais reclamações da família Bolsonaro, que se queixava do fato de participar pouco das decisões e estratégias de campanha, embora tivesse indicado Ricardo Mello Araújo (PL) para vice.

Apesar da necessidade da entrada de Bolsonaro na campanha de Nunes, as agendas dos dois juntos por São Paulo ainda não estão alinhadas.

Os estrategistas de Nunes avaliam ainda que os números de Marçal na pesquisa Datafolha podem ter sido "inflados" pelo fato de o recorte temporário não ter abrangido os recentes embates entre o coach e o clã Bolsonaro, que tem reforçado o apoio a Nunes e protagonizado embates com o candidato do PRTB nos últimos dias.

Pesquisa eleitoral
A primeira pesquisa Datafolha sobre a disputa eleitoral em São Paulo divulgada após o início oficial das campanhas indica avanço do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que agora empata na liderança com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

O candidato do PSOL tem 23% das intenções de voto, enquanto o empresário soma 21%. Já o atual prefeito e candidato à reeleição é superado numericamente pela dupla e aparece com 19% das menções. A margem de erro estimada para a pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou menos.

Em relação ao levantamento de duas semanas atrás, Marçal cresceu sete pontos percentuais (o candidato tinha 14% da preferência na pesquisa divulgada em 8 de agosto. Nunes, por sua vez, teve variação negativa de quatro pontos frente aos 23% que detinha. Já Boulos oscilou um ponto para cima: tinha 22% e passou para os atuais 23%.

O trio é seguido à distância por José Luiz Datena (PSDB), com 10% (quatro a menos que no início do mês); Tabata Amaral (PSB), com 8%; e Marina Helena (Novo), que tem 4%. Também considerando a margem de erro, os três estão no momento tecnicamente empatados.

Os candidatos João Pimenta (PCO) e Beto Haddad (DC) somaram 1% das intenções de voto cada um. Ricardo Senese (UP) e Altino (PSTU) não pontuaram. O percentual de eleitores que declaram a intenção de votar em branco ou nulo passou de 11% para 8% em duas semanas, enquanto os indecisos, aqueles que dizem “não saber” quem apoiarão em outubro, variaram de 3% para 4%.

Oposição avança
Os dados do Datafolha indicam que o crescimento de Marçal se deu especialmente em cima de fatias do eleitorado que há duas semanas declarava preferência por Nunes ou Datena.

O candidato do PRTB, que disputa espaço com o atual prefeito na direita, era escolhido por 29% dos eleitores que dizem ter votado em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e agora aparece com 44% das menções no grupo — Marçal se tornou líder entre os bolsonaristas, embora o ex-presidente oficialmente apoie a candidatura de Nunes na cidade.

O candidato à reeleição oscilou de 38% para 30% das intenções de voto nesse segmento.

Marçal também se destaca na escolha do eleitorado masculino (tem 28% das menções nesse grupo) e dos evangélicos (30%). Em ambos os núcleos, que desde 2018 têm se mostrado mais simpáticos ao bolsonarismo, o candidato do PRTB supera numericamente as taxas de Nunes (18% e 22%, respectivamente).

Poder aquisitivo
Entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos por mês, Nunes e Datena variaram para baixo, enquanto Marçal e Boulos se movimentaram no sentido oposto. O candidato do PRTB passou de 11% para 18% das intenções de voto nesse grupo, que representa cerca de um terço dos paulistanos aptos a votar. Boulos tinha 14% das menções e agora aparece também com 18%.

Nunes liderava com 24% das escolhas dos mais pobres, e agora soma os mesmos 18% de seus adversários. Já Datena passou de 18% das menções desse núcleo para 15%.

Os números do Datafolha eram aguardados pelas campanhas para indicar o saldo não apenas das primeiras ações de corpo a corpo dos candidatos, mas principalmente para mensurar os ganhos e perdas de cada um após os três debates já realizados. Levantamento da AtlasIntel divulgado ontem indicava Boulos e Nunes em viés de baixa, com Marçal em ascensão.

Figura que mais capitalizou nas redes sociais com os debates, o candidato do PRTB incomodou adversários e chamou a atenção do público ao abusar da virulência e do deboche, sempre com ataques aos rivais, nos encontros promovidos pela TV Bandeirantes e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

No terceiro debate, da revista “Veja”, Marçal se recusou a responder às perguntas feitas pelas adversárias e mais uma vez preferiu provocações à discussão de propostas.

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