Margareth Menezes diz que declaração em que Lula agradece à África por escravidão foi "mal colocada"
Na última semana, Lula afirmou ter 'profunda gratidão' ao continente africano 'por tudo que foi produzido' durante a escravidão.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, classificou como 'mal colocada' a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Brasil ser grato à África pelo que foi produzido na escravidão. Na avaliação de Menezes, o presidente reconheceu as contribuições do povo africano escravizado ao desenvolvimento do país.
— Ele (Lula) fez uma colocação que não foi dizendo que a escravidão foi boa, ele agradeceu o que foi construído pelas pessoas escravizadas. Agora, foi mal colocado — disse a ministra da Cultura em conversa com jornalistas nesta terça-feira.
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Segundo a ministra da Cultura, Lula vem pedindo para sua equipe o orientar nas declarações.
— O presidente Lula é uma pessoa que admiro muito, porque tem a humildade de aprender — afirmou. — Ele pede para que as pessoas que estão dentro orientem melhor as falas. Não é possível a pessoa achar que o presidente Lula é uma pessoa racista, né? Erros existem, e a gente pode coloquialmente apontar, mas não podemos descontextualizar.
Margareth Menezes realizou nesta terça um evento em Brasília com jornalistas negras em comemoração ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Na cerimônia, a titular da Cultura apresentou os trabalhos da pasta no primeiro semestre de comando.
Durante a ocasião, Margareth comentou sobre uma fala do presidente que repercutiu de forma negativa nas redes sociais. Na última semana, Lula afirmou que tem "profunda gratidão" ao continente africano "por tudo que foi produzido durante os 350 anos de escravidão" no Brasil. O chefe do Executivo deu a declaração ao lado do presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, durante passagem de Lula no país.
Na ocasião, o presidente falava que o Brasil é "formado pelo povo africano" e que "cultura, cor e tamanho" do país são resultado da "miscigenação entre índios, negros e europeus".
— Quero recuperar a relação com o continente africano. Nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, nossa cor, tamanho, é resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus. E nós temos profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país — afirmou Lula.
Lula finalizou afirmando que espera, à frente da Presidência, recuperar a "boa e positiva relação que o Brasil tinha com o continente africano".