Marina Silva prevê reunião com Silveira e Ibama sobre Margem Equatorial após viagem de Lula ao Japão
Após tensão entre ministérios, reunião abordará impasse no licenciamento
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a reunião com o colega de Esplanada Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e o Ibama para discutir o licenciamento para perfuração da Margem Equatorial, ocorrerá após sua viagem ao Japão, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Silveira solicitou reunião com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, para discutir o pedido da Petrobras para exploração. Marina, porém, também vai participar.
— Já foi até dada uma data, quando eu voltar do Japão haverá uma audiência entre os ministros com a presença do Ibama — afirmou Silva.
O ministro de Minas e Energia tem reclamado do que considera uma demora para marcar a reunião. Ontem, Silveira sugeriu faltar “coragem” de Agostinho para tomar uma decisão sobre o pedido da Petrobras para explorar a bacia da Foz do Amazonas, numa área a 500 quilômetros do leito do rio. O objetivo da estatal é perfurar na costa do Amapá, a cerca de 160 Km de Oiapoque.
Servidores do Ibama reagiram às declarações de Silveira, classificando-as como "tentativa de constrangimento institucional" e "desrespeito às normas ambientais".
Em 2023, o Ibama negou um pedido da Petrobras para perfuração na região, alegando riscos ambientais. Marina Silva tem dito que o Ibama atua de forma técnica e segue critérios rigorosos para avaliar a viabilidade ambiental dos projetos.
O recurso da Petrobras contra a negativa do Ibama ainda está em análise. Técnicos do órgão, no entanto, mantêm a posição de que não há justificativa para reverter a decisão.
A Margem Equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, pode conter até 30 bilhões de barris de petróleo, sendo considerada estratégica para a Petrobras, especialmente após descobertas na Guiana e no Suriname.
Nos bastidores do governo, há preocupação com o impacto dessa decisão na COP30, que será realizada em novembro, em Belém. Ministros como Waldez Góes (Integração), Rui Costa (Casa Civil) e o próprio Silveira defendem que a licença seja concedida antes do evento, para evitar protestos e repercussões negativas na conferência climática da ONU.