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"Matei, sim, uma pessoa": Apontado como mandante da execução de Marielle matou vizinho; relembre

Vítima foi atingida na nuca; Domingos Brazão alegou legítima defesa e acabou absolvido pela Justiça

Domingos Brazão em seu gabinete no TCEDomingos Brazão em seu gabinete no TCE - Foto: Domingos Peixoto

Preso neste domingo (24) sob acusação de contratar o assassinato da vereadora Marielle Franco, Domingos Inácio Brazão esteve envolvido em outra execução com arma de fogo, 37 anos atrás. O conselheiro Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) parou os festejos do próprio aniversário de 22 anos, na Zona Oeste da capital fluminense, para perseguir um vizinho, que acabou morto. O julgamento do caso foi adiado por 15 anos e terminou com a rejeição da condenação.

Luiz Cláudio Xavier dos Reis bateu à porta da família, naquele 8 de março de 1987, e acusou um dos irmãos de Brazão de ser amante de sua mulher. De acordo com o portal UOL, que teve acesso a documentos da investigação, o caso levou a uma discussão no evento. O vizinho deixou o local na garupa da moto de um amigo e foi perseguido por Domingos Brazão por ruas dos bairros Vila Valqueire e Campinho. O político carioca abriu fogo de dentro de um carro na direção dos homens.

"Encontravam-se as vítimas em uma motocicleta, quando o réu aproximou-se e, de inopino [de repente], acionou a arma contra as mesmas, impossibilitando-lhes a defesa", diz trecho da denúncia do Ministério Público.

Domingos Brazão atingiu o vizinho pelo menos uma vez, na nuca. Luiz Cláudio Xavier dos Reis morreu. O outro homem foi ferido na bochecha, mas sobreviveu. Ainda segundo o Uol, o político negou à polícia, inicialmente, a autoria do crime. Reconhecido por testemunhas, ele passou a usar a tese da legítima defesa.

"Matei, sim, uma pessoa. Mas isso tem mais de 30 anos, quando eu tinha 22 anos. Foi um marginal que tinha ido a minha rua, em minha casa, no dia do meu aniversário, afrontar a mim e a minha família. A Justiça me deu razão", contou Brazão à época de uma briga com Cidinha Campos e numa entrevista ao GLOBO.

Em 2014, a radialista e então deputada estadual Cidinha Campos processou Domingos Brazão por ameaça. Durante uma discussão pública, Brazão teria dito que "já matou vagabundo, mas vagabunda ainda não", fazendo referência à parlamentar.

O Uol destaca que o homicídio de Luiz Cláudio Xavier dos Reis nunca foi levado a júri. A data do julgamento foi adiada duas vezes entre 1990 e 1992 antes de ficar parado na Justiça durante outros oito anos. Depois de o acusado ser eleito deputado estadual, o processo subiu ao Tribunal de Justiça, cuja Corte Especial rejeitou a condenação.

A Polícia Federal deflagra uma operação neste domingo para cumprir mandados de prisão contra os supostos mandantes dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Entre os alvos da ação, estão Domingos Brazão e o irmão dele, o deputado federal Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio.

As primeiras associações da família Brazão ao caso vieram à tona ainda em 2019, quando um relatório da Polícia Federal (PF) apontou Domingos Brazão como o “principal suspeito de ser autor intelectual” dos assassinatos da vereadora e do motorista. O conselheiro do TCE sempre negou a participação no crime.

Domingos já havia sido denunciado pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge, em 2019, por atrapalhar a investigação, mas a Justiça do Rio rejeitou o pedido. Seu nome passou a ser revisitado também no ano passado com a delação do também ex-PM Élcio de Queiroz, preso em 2018, suspeito de envolvimento no crime.

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